Maior avião do mundo, o Antonov AN-225 é uma máquina esmagadora de recordes capaz de transportar cargas volumosas e pesadas para qualquer lugar do mundo onde exista uma pista com tamanho e resistência suficientes para recebê-lo. Mas como ele se sairia transportando passageiros?
Usando o Airbus A380 – o maior avião de passageiros de todos os tempos – como referência, o site Simple Flying elaborou algumas suposições sobre como o avião gigante da Antonov poderia ser empregado no transporte de passageiros.
Assim como o “mastodonte” da Airbus, o AN-225 também poderia distribuir seus ocupantes em uma cabine de dois andares e configurada com três classes de assentos.
O convés principal do A380 tem 49,9 metros de comprimento e 6,50 m de largura, que normalmente são ocupados por cinco fileiras de assentos de primeira classe em uma configuração 1-2-1 e 32 filas de assentos econômicos no layout 3-4-3. Já o andar superior da aeronave pode receber 16 fileiras de classe executiva com arranjo 2-2-2 e também uma seção adicionais de assentos econômicos na disposição 2-4-2.
No geral, o andar inferior do A380 pode receber cerca de 331 passageiros e mais 188 no piso superior, alcançando uma capacidade total de 519 passageiros – a Emirates Airline é uma das companhias aéreas que possuem exemplares do A380 com essa capacidade.
Convertendo o AN-225 em avião de passageiros
Por incrível que pareça, o espaço interno do AN-225 pode ser menor que o do A380 na tarefa de transportar passageiros. Sem divisões, a cabine da aeronave ucraniana tem 43,3 metros de comprimento por 6,4 m de largura. Além disso, o Antonov é mais “baixinho” que o Airbus e separar seu interior em dois andares resultaria em conveses com 2,2 m de altura, enquanto cada andar do quadrimotor europeu tem 2,4 m. Portanto, inevitavelmente ele levaria menos passageiros.
Considerando as mesmas configurações de assentos usadas nos dois andares do A380, o AN-225 teria capacidade para embarcar aproximadamente 287 passageiros no andar inferior e 188 no piso superior, alcançando uma capacidade máxima de 475 passageiros distribuídos em três classes.
Em contrapartida, o AN-225 poderia voar por distâncias maiores que o A380. O alcance do Antonov varia de acordo com o peso de sua carga. Quando transporta 200 toneladas, a autonomia da aeronave fica limitada em 4.500 km, mas quando ele está vazio pode percorrer impressionantes 15.400 km. Já o Airbus, totalmente carregado, pode viajar por 14.800 km.
Assumindo que o peso médio de cada passageiro é de 62 kg, o AN-225 (transportando 475 passageiros) carregaria 29.450 kg, aproximadamente 15% de sua capacidade máxima de carga (250.000 kg). Portanto, podemos estimar um alcance na faixa dos 15.400 km, oferecendo um vantagem considerável em relação ao A380.
Mas valeria a pena para as companhias?
Com quatro motores e um altíssimo consumo de combustível, o Airbus A380 pertence a uma classe de aviões comerciais que já começou a cair em desuso, embora tenha uma capacidade incomparável. O que dizer então do AN-225 com seus seis motores e um apetite nada moderado por querosene?
De toda forma, o Antonov poderia ser implantado em rotas de grande demanda, como voos entre Sydney e Dubai e depois para Londres. Todavia, qualquer companhia que se aventurasse a operar um AN-225 (ou ainda uma frota) de passageiros teria custos ainda mais proibitivos comparado ao desempenho de um A380 ou mesmo o Boeing 747-8, simplesmente porque eles consomem menos combustível e podem transportar mais passageiros.
O AN-225 seria ainda menos eficiente em rotas curtas, dado a enorme quantidade de combustível necessária apenas para tirar a aeronave do solo e alcançar a altitude de cruzeiro.
O enorme jato da Antonov foi construído para um serviço específico e cumpre esse papel com excelência. Assim como o A380 nunca foi transformado em cargueiro, o AN-225 não teria chances no mercado como um avião de passageiros.
Nota do editor: Caso fosse transformado em avião de passageiros, esta seria a segunda mudança de função na carreira do avião gigante com seis motores fabricado na Ucrânia. O AN-225 foi contruído originalmente no final da década de 1980 para transportar “nas costas” o Buran, o ônibus espacial soviético, trabalho que desempenhou em raras ocasiões até o colapso da União Soviética e seu programa espacial, em 1991.
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Poderia fazer o exercício oposto? Transformar
O A380 em cargueiro?
Nos anos 80, a Lockheed apresentou uma versão passageiros do C5A com circa 500 pax. As seguradoras mataram o projeto para negar-se fazer cobertura de um risco de acidente com 500 vítimas. “The times, they are changing”
Bom dia e qual é o tamanho de pista para esse avião operar?