No setor aéreo, a pandemia da COVID-19 causou um prejuízo econômico histórico de mais de US$ 80 bilhões em 2020, de acordo com a International Air Transport Association (IATA). O período ficou conhecido como o “pior ano da aviação”. Alexandre de Juniac, diretor-geral e CEO da IATA, afirmou em entrevista que cada dia “representa US$ 230 milhões de perdas do setor, totalizando um prejuízo anual de US$ 84,3 bilhões. Isso significa que, com base na estimativa de 2,2 bilhões de passageiros neste ano, as companhias aéreas perderão US$ 37,54 por passageiro”.
A demanda por viagens aéreas diminuiu drasticamente com o fechamento de fronteiras internacionais, além da falta de confiança dos clientes na permanência em ambientes fechados (como ocorre dentro das aeronaves), causando receio maior de contágio. Em abril, no cenário mais crítico noticiado, cerca de 95% dos voos ficaram abaixo dos níveis em comparação com o mesmo período em 2019, ano anterior à pesquisa.
Apesar da desconfiança sobre a segurança de ocupar ambientes aeroportuários, um estudo feito pela Flight Safety Foundation (FSF) afirma que é seguro voar durante a pandemia. De acordo com a Fundação, a pesquisa durou um total de seis meses e pôde concluir que os esforços das companhias aéreas e aeroportos surtiram efeito positivo com relação à transmissão da Covid-19, reduzindo-a significativamente.
De acordo com o Dr. Hassan Shahidi, presidente e CEO da FSF, é necessário que haja uma padronização universal dos testes aceitos para identificar se há a presença ou não do coronavírus nos indivíduos, com o objetivo de prevenir a propagação do mesmo até o momento em que uma vacina seja lançada. Além disso, Conor Nolan, presidente do Conselho de Governantes da Fundação e diretor de Segurança e Proteção da Aer Lingus, alega que as regras de identificação do vírus são desconexas, com proibições indiscriminadas e obrigatoriedade confusa de quarentena, fazendo com que os passageiros fiquem desencorajados de viajar.
Diversas medidas fundamentais foram tomadas pelo setor com o objetivo de aumentar a segurança e saúde dos clientes e funcionários. Dentre as várias ações postas em prática, destacam-se: melhorias nos procedimentos de limpeza e desinfecção de ambientes; inovação no modelo de embarque e desembarque, respeitando o distanciamento social; a utilização obrigatória de equipamentos de proteção individual; treinamento aprimorado e acompanhamento dos funcionários.
Outra eficaz ação levantada pelo estudo é a utilização dos filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance), que reciclam o ar da cabine da aeronave constantemente e capazes de eliminar partículas que são, inclusive, menores do que o novo coronavírus. Esses mesmos filtros também são empregados em salas de cirurgias, além de ambientes industriais que necessitam de uma alta qualidade do ar.
Para Arnold Barnett, professor de estatística na Sloan School of Management, do MIT, o risco de infecção do agente durante o voo é de 1 em 4.300, no entanto essa probabilidade cai para 1 em 7.000 se o assento ao lado estiver desocupado. Essa estimativa foi feita especificamente para voos de duas horas dentro dos EUA, o que pode proporcionar uma queda ainda maior nas estatísticas de viagens aéreas que venham a ocorrer em lugares onde a transmissão encontra-se controlada.
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