Presente na EBACE, feira de aviação executiva em Genebra, na Suíça, a Bombardier informou hoje que iniciou os testes de voo com a plataforma de pesquisas EcoJet. Anunciado em setembro de 2022, o projeto da fabricante canadense avalia o conceito “blended-wing body”, de aeronaves com asas e fuselagem integrados.
Segundo a Bombardier, a primeira fase de testes foi realizada com um modelo em escala do EcoJet, representando aproximadamente 7% de um jato executivo de grande porte. Para a segunda etapa, a companhia pretende construir um protótipo duas vezes maior.
“A Bombardier assumiu uma posição de liderança nos esforços da indústria para reduzir sua pegada ambiental, e o projeto de pesquisa EcoJet é fundamental para desenvolver as tecnologias que nos levarão ao objetivo de emissões líquidas zero até 2050”, disse Stephen McCullough, vice-presidente sênior de Engenharia e Desenvolvimento de Produto da Bombardier.
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Sem divulgar maiores detalhes de desempenho, a fabricante canadenses informou apenas que os primeiros testes do conceito tiveram “resultados altamente positivos”.
“Estamos muito satisfeitos em ver os resultados altamente envolventes obtidos até agora e em continuar nosso trabalho pioneiro ao iniciarmos a próxima fase deste projeto de pesquisa revolucionário. O projeto de pesquisa EcoJet atraiu um alto nível de interesse em toda a indústria e estamos ansiosos para mobilizar parceiros enquanto continuamos a definir o futuro da aviação executiva”, acrescentou McCullough.
De acordo com a Bombardier, o design proposto no EcoJet pode reduzir as emissões de aeronaves em até 50% por meio de uma combinação de aprimoramentos aerodinâmicos e de propulsão.
Desenho pouco explorado
A fabricante canadense não é a primeira a estudar modelos de fuselagem integrada. Em 2020, a Airbus mostrou o conceito Maveric no Singapore Air Show, afirmando que a configuração tem potencial para reduzir o consumo de combustível em até 20% comparado com os atuais jatos de corredor único.
A Boeing também estudou um protótipo de “blended-wing body” em conjunto com a NASA, entre 2007 e 2013. O fato foi suficiente para criar um boato de que a fabricante lançaria um superjumbo de fuselagem integrada para até 1 mil passageiros. A “fake news” vira e mexe ressurge nas redes sociais.
O conceito básico da fuselagem integrada foi desenvolvido pela primeira vez décadas atrás e variações dele foram usadas no famoso bombardeiro Stealth B-2 e no menos conhecido YB-49 (uma “asa voadora” da década de 1940).
Vantagens e desvantagens
O conceito de fuselagem integrada pode proporcionar maior área interna em uma configuração que deixaria para trás os incômodos e estreitos corredores. Os assentos seriam dispostos como num anfiteatro, em formato de “V”.
No entanto, as asas integradas à fuselagem não deixam muito espaço para janelas. No conceito Maveric, a Airbus sugeriu a instalação de janelas “virtuais” bastante futurísticas na cabine de passageiros.
Para jatos maiores, a altura da cabine é um desafio, assim como a instalação de saídas de emergência. Por isso, testar o modelo em jatos executivos não é assim uma ideia tão despropositada.