Em entrevista, chefão da Eve explica como funcionarão os “táxis voadores”

André Stein, CEO da Eve, comentou sobre os processos de desenvolvimento dos eVTOLs e expectativas da subsidiária da Embraer a respeito deste novo mercado
A Eve já recebeu mais de 2.000 pedidos por veículos eVTOLs (Divulgação)

As aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical, os eVTOLs, logo estarão voando sobre grandes metrópoles oferecendo uma opção de transporte público, que embora bastante avançado também promete custos acessíveis aos usuários. Em entrevista ao Brazil Journal, André Stein, CEO da Eve, subsidiária da Embraer na área de Mobilidade Aérea Urbana, contou mais detalhes sobre os processos de desenvolvimento da empresa e as expectativas sobre este novo mercado, que vai inaugurar uma nova era na aviação comercial.

Além de desenvolvedora de uma nova espécie de aeronave, a Eve tem forte atuação na parte de projetos de infraestrutura que serão necessários para suportar os eVTOLs. “Estamos desenvolvendo todo o portfólio de serviços de suporte e uma solução para o controle de tráfego aéreo urbano. Estamos seguindo muito do que trouxemos do aprendizado da Embraer”, disse Stein, que ainda reafirmou à publicação o plano da empresa em iniciar as operações com “táxis voadores” em 2026.

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Conforme citado por Stein, a Eve pode sair em vantagem nesse novo mercado devido a longa experiência em processos de certificação de aeronaves da Embraer e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil, que no começo deste ano aprovou o início da homologação do eVTOL da marca brasileira.

O executivo também comentou sobre como pode ser a competitividade entre fabricantes no nicho de eVTOLs, um mercado que ainda nem decolou, mas que já conta com mais de uma centena de empresas atuantes ao redor do mundo. Contudo, segundo a avaliação de Stein, por volta de apenas seis companhias desse ramo têm “projetos reais” para uso comercial.

Limite atual das baterias não é um problema para os eVTOLs

Muita gente ainda duvida da aplicação de aeronaves elétricas por conta da capacidade energética relativamente baixa das baterias em relação ao uso de combustíveis fósseis. Para o chefão da Eve, no entanto, isso não é um problema e nem será em algum momento por conta do perfil operacional dos eVTOLs.

A Eve enxerga uma demanda para 240 eVTOLs no Rio de Janeiro (Embraer)

“Hoje, as baterias estão muito longe de fornecer energia para levar centenas de passageiros a milhares de quilômetros. Você não substitui um jato comercial por um avião elétrico. Mas aqui estamos falando de levar algumas pessoas por percursos não tão distantes”, afirmou Stein na entrevista.

O eVTOL da Eve, já mencionado pelo nome EVE-100, é projetado para ter autonomia de voo em torno de 100 km. Parece pouco, mas segundo Stein, é o suficiente e ainda sobra. “Dentro de São Paulo você pega tudo com 100 quilômetros. Na verdade, a missão média que vemos é em torno de 30 quilômetros, que já dá para cruzar a cidade inteira quase. E 50 quilômetros em São Paulo você pode demorar cinco horas facilmente de transporte terrestre.”

No médio prazo os eVTOLs também vão dispensar a presença de um piloto no comando da aeronave e se tornarem autônomos. De acordo com o CEO da Eve, a ocorrência dessa transição vai variar de país para país, mas que a fabricante já projetado o novo veículo aéreo considerando essa possibilidade.

Tecnologia do eVTOL já existe, mas ainda não foi certificada para a aviação

Do ponto de vista tecnológico, a Eve já tem todo conhecimento de engenharia e ferramentas em mãos para produzir os eVTOLs. Só falta a homologação para uso desses veículos na aviação comercial, que é um ambiente extremamente exigente. “É aí que está o desafio”, apontou Stein.

EVE-100: primeiros eVTOLs da Embraer devem chegar ao mercado em 2026 (Embraer)

O CEO da Eve, por outro lado, lembrou da longa experiência em processos de certificação aeronáutica acumulada pela Embraer, que nos últimos 25 anos homologou 30 modelos de aeronaves. “Não tem ninguém no mundo que tenha essa experiência toda. Se tem alguém que pode acertar é a Embraer”, concluiu Stein.

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