A crise na aviação causada pela pandemia do novo coronavírus e o cancelamento da parceria estratégica com a Boeing já estão abalando os negócios da Embraer. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 12, a fabricante declarou ter entregado 14 jatos no primeiro trimestre de 2020 (1T20), sendo cinco aeronaves comerciais e nove modelos executivos. Este é o pior resultado trimestral de entregas registrado pela empresa neste século.
Os aviões comerciais entregues pela Embraer no 1T20 foram três jatos E175 de primeira geração (adquiridos pela American Airlines), um E190-E2 (Helvetic Airways) e um E195-E2 (comprado pela empresa de leasing AerCap e repassado a Azul). A lista de jatos executivos entregues inclui cinco Phenom 300, um Praetor 500 e três Praetor 600.
Até 31 de março de 2020, a carteira de pedidos firmes a entregar da Embraer totalizava US$ 15,9 bilhões, com 318 jatos comerciais encomendados – pedidos de jatos executivos não são divulgados. A fabricante brasileira ainda registrou 15 cancelamentos (de jatos E175) de um cliente não identificado.
“Historicamente, a Embraer realiza menos entregas no primeiro trimestre do ano, e em 2020 em particular, as entregas da aviação comercial no 1T20 foram também impactadas negativamente pela conclusão do processo de separação da unidade da Aviação Comercial da Embraer, em janeiro”, informa a nota da Embraer sobre os resultados dos primeiros três meses de 2020.
As entregas da Embraer no 1T20 foram 36% menores do que o resultado do primeiro trimestre de 2019, quando a fabricante entregou 22 aeronaves. Considerando apenas o segmento de aviões comerciais, o recuo foi de 54,5% comparado ao 1T19: 5 contra 11. Na aviação executiva, a queda foi de 18%: 9 ante 11.
No mês passado, a Boeing desistiu do acordo de joint venture com a Embraer, no qual assumiria o controle de 80% da divisão de aviação comercial da empresa brasileira por US$ 4,2 bilhões, além de criar uma parceria da área de defesa para promover o cargueiro militar C-390 Millennium.
A parceria com a Boeing era considerada fundamental para o futuro da Embraer, que teria maior projeção no mercado internacional e a chance de receber mais investimentos para desenvolver novos produtos, como o turboélice de nova geração que vinha sendo cogitado por executivos da empresa brasileira.
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