Em votação massiva, funcionários da Boeing decidem por greve

Fábricas dos jatos 737, 767 e 777 vão parar a partir desta sexta-feira, 13, após mais de 90% dos empregados votarem contra acordo oferecido
Fábrica da Boeing em Everett
Fábrica da Boeing em Everett (Boeing)

As tradicionais fábricas dos aviões 737, 767 e 777 vão parar a partir desta sexta-feira, 13. Cerca de 96% dos 33.000 funcionários da Boeing na região de Seattle e Portland, berço da empresa, decidiram por uma greve por tempo indeterminado.

Na quinta-feira eles participaram de uma votação convocada pelo IAM, sindicato das fábricas de Renton e Everett, além de outras instalações. O formulário de voto trazia duas perguntas: você aceita a proposta da Boeing e você é a favor da greve?

O questionário foi considerado uma armadilha para beneficiar um acordo com a fabricante. Antes de decidir pela greve era preciso rejeitar a proposta por maioria simples para então decidir-se pela paralisação. Mas a greve só valeria se dois terços dos membros a aprovassem.

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Ou seja, os funcionários da Boeing poderiam ter que engolir o acordo de quatro anos mesmo o rejeitando caso não houvesse uma votação maciça pela greve. E o recado foi duro para a nova direção da fabricante.

Nada menos que 94,6% dos votos foram contra o acordo provisório acertado com o sindicato no domingo, 8, e 96% a favor da greve.

Funcionários da Boeing pediram por greve nesta segunda
Funcionários da Boeing rejeitaram proposta da empresa

Aumento esperado de 40%

Um sinal que a paralisação era iminente foi dada pelo próprio líder do IAM logo no começo da semana. Mesmo a favor da proposta, Jon Holden sentiu na pele a rejeição dos funcionários, com sua caixa de e-mail e perfis em redes sociais lotadas com reclamações dos associados.

Ele reconheceu que a chance de greve era grande a despeito de defender a proposta da Boeing. Os funcionários acharam pouco o aumento de 25% a ser aplicado até 2028, além de alguns benefícios como plano de saúde mais em conta.

A categoria esperava por pelo menos 40% de reajuste para cobrir as perdas de anos de salários achatados. Nem a promessa de produzir o substituto do Boeing 737, chamado informalmente de ‘797’, convenceu os funcionários, embora seja um assunto delicado.

Kelly Ortberg, novo CEO da Boeing
Kelly Ortberg, novo CEO da Boeing, estreou com primeira greve na empresa em 16 anos

Não faz muito tempo que a fabricante resolveu transferir toda a produção do moderno widebody 787 Dreamliner para a nova fábrica de Charleston, na Carolina do Sul, onde não há sindicato e os salários são mais baixos.

Apesar disso, a unidade é conhecida pelas seguidas falhas na fabricação da aeronave.

Novo CEO estreia com a primeira greve em 16 anos

O novo CEO da Boeing, Kelly Ortberg, que assumiu o lugar do criticado Dave Calhoun em agosto, já coloca em seu currículo a marca de enfrentar a primeira greve na empresa em 16 anos.

Não está claro quanto tempo as fábricas podem ficar paralisadas, mas uma greve longa vai afetar ainda mais a já atrasada produção de aeronaves comerciais da empresa.

A última greve na Boeing havia ocorrido em 2008 e paralisou a produção por 52 dias causando perdas bilionárias.

Boeing diz que retomará negociação

Em nota enviada ao site, a Boeing afirmou ter entendido a mensagem da votação e voltará à mesa de negociação. Veja:

A mensagem foi clara de que o acordo provisório que alcançamos com a liderança do sindicato International Association of Machinist (IAM) não era aceitável para os seus membros. Seguimos comprometidos em restabelecer nosso relacionamento com nossos funcionários e o sindicato, e estamos prontos para retomar a negociação para alcançar um novo acordo.”

 

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  1. A pergunta dada aos funcionários deveria ser: ” Querem que a empresa quebre e vocês fiquem sem empregos ou não ?”.

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