O indício de que a Toyota andava próxima da Embraer surgiu há algumas semanas quando o site de notícias Nikkei Asia flagrou a palavra “kaizen” escrita num quadro dentro da fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
O termo japonês significa algo como “melhoria contínua”, uma filosofia que norteia o Sistema Toyota de Produção (TPS, na sigla em inglês), um processo que busca um ganho operacional constante na linha de produção.
Pois é justamente isso que a Embraer pretende com ajuda da gigante automobilística. As duas empresas assinaram um convênio nesta semana que pretende eliminar desperdícios, trazer ganhos de eficiência operacional e maior geração de valor aos acionistas.
“Trazer a Toyota para a realização desse trabalho reforça o compromisso da Embraer na busca constante pela excelência empresarial e pelo crescimento sustentável”, disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. “Será uma excelente oportunidade para troca e aprofundamento de conhecimentos que permitem acelerar ainda mais a aplicação da filosofia Lean nos sistemas produtivos, ao mesmo tempo que fortalece as práticas já disseminadas pelo Programa de Excelência Empresarial Embraer, o P3E.”
Na primeira fase do programa conjunto, a Toyota terá uma equpe integrada à rotina da Embraer com o objetivo de avaliar e sugerir melhorias para a área de manufatura da principal fábrica da empresa, em São José dos Campos.
“O TPS é uma metodologia que pode contribuir em diferentes cenários e aplicações. Mais que eficiência e produtividade, a utilização do TPS pode proporcionar soluções que permitam à indústria e aos demais setores aprimorarem seus processos continuamente, essa que é um dos pilares da Toyota em todo o mundo. Há ainda uma possibilidade de contribuirmos com a agenda de ESG”, explicou Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.
Como Airway havia publicado recentemente, a Embraer está em busca de atingir uma redução significativa nos custos de produção de suas aeronaves, uma forma de torná-la mais atraente aos acionistas e de obter vantagens na dura concorrência por novos pedidos, sobretudo depois que a Airbus assumiu a C Series, da Bombardier, atualmente a linha de jatos A220.
“Fazemos centenas de projetos kaizen todos os anos para aumentar a produtividade em nossos locais de produção”, disse um gerente de fábrica ao Nikkei Asia. “No ano passado, conseguimos uma redução de 17% [no tempo de produção], apesar de toda a dificuldade que tivemos na cadeia de suprimentos”, completou. A Embraer pretende chegar à uma redução de 40% até o final de 2023, agora com a ajuda da Toyota.