‘Embraer chinesa’ dobra entregas de aviões e se aproxima da empresa brasileira

Estatal COMAC entregou 50 jatos comerciais no ano passado enquanto Embraer enviou 73 aviões a seus clientes. Encomendas futuras podem virar o jogo
Embraer vê a COMAC se aproximar no mercado de aviões comerciais
Embraer vê a COMAC se aproximar no mercado de aviões comerciais (Divulgação)

O título de 3º maior fabricante de aviões comerciais do mundo, detido pela Embraer, corre o risco de ser perdido para a chinesa COMAC.

Em 2024, a fabricante estatal sediada em Xangai entregou 50 aeronaves comerciais, mais do que o dobro do ano anterior.

Com isso, a COMAC ficou a 23 jatos do total obtido pela Embraer, que registrou uma pequena alta em relação a 2023.

A distância parece grande, mas o crescimento da empresa chinesa é veloz enquanto a fabricante de São José dos Campos aos poucos recupera ritmo.

Airbus chinês

O C919, aeronave comercial rival do Airbus A320 e do Boeing 737, foi o destaque, com 13 entregas no ano passado, seis deles no 4º trimestre. Vale lembrar que a COMAC só tinha entregue outros três jatos anteriormente.

A COMAC chegou a entregar mais aviões no começo de 2024, mas a Embraer se recuperou no segundo semestre (ADN)

Em volume, o jato regional ARJ21 (que foi renomeado como C909) fez mais. Com 37 entregas, ele experimento uma alta de 68% em relação a 2023 – os números são estimados já que a COMAC não divulga seus resultados.

A Embraer, por sua vez, entregava mais de 100 aeronaves comerciais por ano até 2017, mas desde então não conseguiu mais voltar aos três dígitos.

Em 2024 foram 73 jatos, nove a mais do que em 2023 e 16 acima de 2022. A empresa tem passado pelos mesmos problemas das grandes fabricantes, a Airbus e Boeing, relacionados à cadeia de suprimentos.

Jato E195-E2 de matrícula PS-AEX da Azul

COMAC à frente até maio

Airway checou registros de entregas feitos pelo site Planespotters que mostram que a COMAC chegou a ficar à frente da Embraer até maio, graças a um início de ano mais forte da empresa chinesa.

Eram 19 jatos contra 17 da Embraer nos primeiros cinco meses, mas a fabricante brasileira elevou as entregas e disparou no final do ano.

A diferença, que era de 11 aviões até novembro, subiu para 23 aviões em dezembro.

Os primeiros C919 da China Southern e da Air China

Por modelo, o E195-E2 teve 39 entregas, seguido do C909/ARJ21, com 37 aeronaves. O bem-sucedido E175 teve 26 aviões entregues enquanto o C919, outros 13, e o E190-E2, oito jatos.

Disputa deve se acirrar nos próximos anos

A despeito da distância considerável em 2024, a COMAC tem tudo para se aproximar e até superar a Embraer em entregas. E a razão é simples: a estatal chinesa conta com apoio do governo do país para aumentar sua produção.

Além disso, as três principais empresas aéreas do país (Air China, China Southern Airlines e China Eastern Airlines) são controladas também pelo governo e “clientes preferenciais” dos aviões da COMAC.

Apenas elas têm mais de 300 pedidos do C919 além de outras dezenas do C909.

Um Embraer E175 da Mesa que voa para a United (Divulgação)

Em 2025, a COMAC já projetou uma meta mínima de entregar 30 C919, mas pode ultrapassar essa marca.

A Embraer, por sua vez, conta com um bom backlog, mas deve crescer mais lentamente, possivelmente entregando acima de 80 aeronaves.

A contrário da rival chinesa, a Embraer só tem o apoio explícito de uma das três maiores companhias aéreas brasileiras, a Azul. O governo Lula chegou a incentivar Gol e LATAM a encomendarem os jatos E2, mas até aqui nenhum acordo foi fechado.

 

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