Pela primeira vez desde que admitiu estudar um novo turboélice de passageiros, a Embraer divulgou uma ilustração que mostra como poderá ser a futura aeronave. Embora ressalte se tratar de apenas uma “ilustração”, o conceito antecipa alguns caminhos que a fabricante poderá tomar caso o projeto seja lançado de fato.
O primeiro deles é que a Embraer parece preferir uma aeronave de asa baixa, ao contrário dos principais concorrentes desse segmento, o ATR e o Dash 8, ambos de asa alta. Por falar neles, o conceito visto na única imagem adota a mesma configuração do EMB-120 Brasilia, último turboélice de passageiros da empresa.
Isso significa a adoção de uma cauda em T em vez de uma solução convencional como nos E-Jets. Anos atrás, um desenho interno chegou a circular na internet mostrando o que parecia ser uma aeronave turboélice que utilizava vários componentes dos jatos da Embraer.
A ilustração também mostra uma asa de perfil bastante avançado e um motor turboélice instalado sobre ela, numa solução inédita na fabricante. O propulsor em questão parece ser do tipo convencional, sem nenhum sinal de solução híbrida ou que use hidrogênio, como a Airbus tem estudado.
Embora o porte seja bem maior que o Brasilia, o novo turboélice não denota uma capacidade tão grande. Baseado na quantidade de janelas (21), esse hipotético avião poderia levar cerca de 70 passageiros. Como referência, o E175 também possui 21 janelas em cada lado da fuselagem, mas com um espaçamento maior do que o visto na imagem divulgada nesta quinta-feira.
A seção da fuselagem também parece diferir dos E-Jets, sendo menor, visualmente. Apesar disso, é praticamente certo que terá fileiras de quatro assentos.
Mercado promissor
Em podcast com o Air Finance Journal, o vice-presidente de marketing da divisão comercial da Embraer, Rodrigo Silva e Souza, reforçou que a empresa vê o segmento de turboélices de forma promissora. O vice-presidente de marketing explicou que a empresa pretende atrair parceiros de negócios e não apenas fornecedores para o projeto do novo turboélice.
“Buscamos parceiros que assumam um grande papel no projeto, não apenas fornecedores. Um parceiro de negócios, alguém que vai ter participação em todos os negócios do programa do turboélice”, disse Souza.
Segundo o executivo, o novo avião é pensado para ser mais eficiente, confiável e oferecer maior conforto aos passageiros, em níveis semelhantes ao de um jato.
“Planejamos um turboélice grande, maior que qualquer outro produto disponível atualmente (na categoria). Estamos falando de uma capacidade entre 70 e 100 assentos. Ele será significativamente mais econômico. Pensamos em custos operacionais entre 15% e 20% mais baixos comparado ao avião que é referência no mercado atualmente”, acrescentou o VP de marketing da Embraer.
“Outro elemento chave para este mercado é o conforto para passageiros. Atualmente, uma grande parte do mercado de turboélices tem restrições por que passageiros não gostam e não se sentem confortáveis (em turboélices), ou acham barulhentos e se incomodam com a vibração. Muitas dessas coisas podem ser significativamente aprimoradas em um novo avião”, acrescentou o executivo.
Rodrigo, no entanto, acredita que novas tecnologias de propulsão que estão prestes a surgir serão usadas em primeiro lugar em aeronaves com até 50 assentos. A afirmação vai de encontro com declarações do presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, que considerou o futuro turboélice um avião convencional.
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