A Embraer anunciou nesta sexta-feira (20) uma parceria com a EDP, multinacional portuguesa que atua no setor elétrico e agora vai levar sua experiência para a aviação, colaborando no projeto do avião elétrico liderado pela fabricante brasileira.
Por meio da divisão EDP Smart, o grupo lusitano realizará um aporte financeiro (o valor não foi divulgado) para financiar a compra das baterias e o sistema de recarga do avião demonstrador de tecnologia de propulsão 100% elétrica, que utiliza um avião agrícola EMB-203 Ipanema como plataforma de testes. Segundo a Embraer, o primeiro voo do protótipo deve acontecer em 2021.
“A parceria vai permitir investigar a aplicabilidade de baterias de alta tensão para o sistema de propulsão elétrico de um avião de pequeno porte, além de avaliar suas principais características de operação, como peso, eficiência e qualidade de energia, controle e gerenciamento térmico, ciclagem de carregamento, descarregamento e segurança de operação”, diz o comunicado da Embraer.
“O histórico de realização de parcerias estratégicas por meio de mecanismos ágeis de cooperação faz da Embraer uma das empresas brasileiras que mais estimula redes globais de conhecimento que permitem um significativo aumento de competitividade do país”, diz Luís Carlos Affonso, vice-presidente de Engenharia e Estratégia Corporativa da Embraer. “É uma satisfação poder contar agora também com a EDP nessa frente de pesquisa científica para a construção de um futuro sustentável. A inovação é um dos pilares da nova estratégia da Embraer para os próximos anos”.
Com mais de 20 anos de atuação, a EDP (Energias De Portugal) é uma das maiores empresas privadas do setor elétrico. A companhia possui seis unidades de geração hidrelétrica e uma termelétrica, que atendem cerca de 3,5 milhões de clientes em São Paulo e no Espírito Santo, além de ser a principal acionista da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc).
“A EDP tem como propósito liderar a transição energética para uma economia de baixo carbono. A parceria com a Embraer no desenvolvimento do seu primeiro avião demonstrador de tecnologia de propulsão 100% elétrica representa uma nova fronteira do nosso investimento em mobilidade elétrica, contribuindo para posicionar o Brasil como um player de ponta neste mercado”, afirma Miguel Setas, presidente da EDP no Brasil.
Ipanema elétrico
A proposta de desenvolvimento tecnológico para eletrificação do Ipanema foi inicialmente formalizada num sistema de cooperação entre a Embraer e a WEG, em maio de 2019.
De acordo com a Embraer, o objetivo do projeto é desenvolver e maturar as tecnologias necessárias para aeronaves elétricas antes da aplicação em produtos futuros. Multinacional brasileira, a WEG vai fornecer o motor elétrico do protótipo.
Os testes em solo com o avião têm ocorrido da unidade da Embraer em Botucatu (SP), em preparação para o primeiro voo que ocorrerá na sede da empresa em Gavião Peixoto (SP).
As primeiras provas do sistema de motorização elétrica do protótipo estão sendo realizadas com uma fonte externa de energia. O próximo passo é testar o uso das baterias embarcadas e o sistema de recarga, que serão fornecidos pela EDP Smart.
“O processo de eletrificação da aviação faz parte de um conjunto de esforços realizados pela Embraer e outras empresas do setor aeronáutico com vistas a atender compromissos de sustentabilidade ambiental, a exemplo do que já vem sendo feito com biocombustíveis para redução de emissões de carbono”, ressaltou a Embraer.
Introduzido no mercado em 1971, o Ipanema foi o primeiro projeto conduzido inteiramente pela Embraer (o Bandeirante foi projetado pelo francês Max Holste), sob o comando do lendário projetista Guido Pessotti. O modelo também foi o pioneiro no uso de motores a etanol na aviação.
Prestes a completar 50 anos, o antigo avião agrícola convertido com motor elétrico será a referência da Embraer nessa nova era da aviação e uma referência para projetos futuros, como o “táxi voador” Eve e o avião híbrido militar STOUT.
Veja mais: Hungria é o novo cliente do Embraer C-390 Millennium