Avião com a maior carteira de pedidos da Embraer, o jato E175 estreou nessa quinta-feira (28) com as cores de uma nova companhia, a Mauritania Airlines. Em julho de 2018, a empresa aérea assinou um pedido firme por duas aeronaves deste modelo configuradas com 76 assentos. O contrato é avaliado em US$ 93,8 milhões.
A companhia aérea da Mauritânia será a primeira da África a voar com o E175. Outras empresas africanas operam os jatos Embraer E170, E190 e E195. O maior operador dos aviões brasileiros na região é a Kenya Airways, com uma frota de 15 modelos E195.
“Celebramos com a Mauritania Airlines a entrega do primeiro avião E175 para a África. Temos certeza de que o E175 alcançará no continente o mesmo sucesso obtido em outros mercados ao redor do mundo, sendo reconhecido como a melhor aeronave no segmento de 76 assentos”, disse Raul Villaron, diretor de vendas da Embraer Aviação Comercial para Oriente Médio e África.
A Embraer informou que a segunda aeronave será entregue no segundo trimestre de 2019.
“A introdução do E175 à frota nos permitirá adicionar frequências e novos destinos ao mesmo tempo em que melhoramos a experiência dos passageiros, oferecendo mais conforto e a melhor cabine nesta categoria”, disse Mohamed Radhy Bennahi, CEO da Mauritania Airlines.
Best-seller da Embraer
Apesar de não voar pelo Brasil, o E175 é o jato comercial de maior sucesso da Embraer no exterior. No mercado desde 2005, o menor jato da família E-Jets de primeira geração (o E170 foi descontinuado) acumula de 500 unidades em operação e segue aumentando seu leque de clientes: a fabricante ainda tem mais de 200 pedidos pelo modelo.
O principal mercado do E175 é a aviação regional dos Estados Unidos, onde estão seus maiores operadores, a SkyWest Airlines e a Republic Airline. As duas empresas, que juntas tem quase 280 aeronaves, operam em parceria com as grandes companhias aéreas dos EUA, como a American Airlines e a Delta.
Um dos principais motivos do sucesso do E175 nos EUA, se não o mais relevante, é o fato do avião da Embraer atender com precisão as exigências da clausula de escopo dos sindicatos de pilotos no país.
Para permitir que suas parceiras regionais possam voar com aviões maiores, as grandes empresas americanas e as associações trabalhistas de tripulantes possuem acordos que limitam as capacidades das aeronaves na aviação regional. A regra permite somente aviões com até 76 assentos e o peso máximo de decolagem de 86.000 libras (poucos mais de 39.000 kg).
Com essa regra, as grandes companhias dos EUA evitam um esvaziamento natural nos quadros de pilotos, já que esses ganham mais que seus colegas contratados por empresas regionais.
O E175 ainda pode ir além do limite estabelecido nos EUA. O jato da Embraer é certificado para transportar até 88 passageiros e pode decolar com peso máximo de 89.000 libras (40.370 kg). O único concorrente do jato brasileiro nesse segmento é o CRJ900, da Bombardier.
Esperado como grande novo avião nesse filão do mercado americano, o E175-E2, porém, vem enfrentando um dilema. O modelo de nova geração se apresenta como um produto mais eficiente, mas também é mais pesado, beirando as 100 mil libras (peso máximo de decolagem de 44.800 kg), bem acima do limite previsto nos EUA.
Ao contrário do modelo da primeira geração, que ainda acumula centenas de pedidos, o E175-E2 ainda não tem nenhuma encomenda firme, apenas opções de conversão de compra em contratos que já envolvem outros E175.
A Embraer precisa rever o projeto do E175 E2 pois o novo modelo ultrapassa os limites de peso para operação por empresas regionais. Tomara que seja possível rever o projeto…