Embraer enxerga “enorme potencial” na China apesar do avanço da COMAC

Em entrevista, CEO da Embraer Aviação Comercial disse que os jatos da família E2 podem complementar a linha de produtos da fabricante chinesa COMAC

Arjan Meijer, CEO da Embraer Aviação Comercial, disse em entrevista ao jornal japonês Nikkei Asia que a empresa brasileira pretende expandir sua participação na China, mesmo sob a sombra da rápida ascensão da fabricante estatal chinesa COMAC naquele país.

“Vemos um enorme potencial de mercado lá”, disse Meijer. A Embraer espera uma demanda mundial por 5.500 jatos com até 150 assentos nos próximos 10 anos. Um terço desse volume, segundo a previsão da fabricante, virá da Ásia e em grande parte da China.

A Embraer é hoje a maior fabricante de jatos regionais do mundo, com mais de 2.500 aeronaves dessa categoria entregues nas últimas duas décadas. Em seguida aparece a Airbus, com a família A220 (ex-Bombardier CSeries) e a COMAC, que atua nesse ramo com o ARJ21-700.

Até este momento, a COMAC tem apenas 42 exemplares do ARJ-21 em serviço no mercado aéreo chinês, o que representa 1,1% da frota de jatos comerciais do país, composta por 3.739 aeronaves. A participação da Embraer é um pouco maior: são 96 jatos, ou 2,6% da frota chinesa, de acordo com a consultoria Cirium. Enquanto isso, os jatos de fuselagem estreia da Airbus e da Boeing detém 83% desse mercado.

O COMAC ARJ21-700 é projetado para transportar até 90 passageiros (Xinhua)
Evolução do antigo DC-9, o COMAC ARJ-21 está em serviço na China desde 2016 (Xinhua)

Comparado ao resto do mundo, o mercado de aviação na China vem se recuperando mais rapidamente dos efeitos da pandemia da Covid-19. O mercado de voos domésticos, por exemplo, já retomou os níveis anteriores a crise de saúde mundial, após um forte desaceleração em 2020.

Para o CEO da Embraer Aviação Comercial, a nova família E2, situada entre o ARJ21 e o novo C919 (ainda em fase de certificação), é ideal para conectar pequenas cidades da China com grandes centros do país.

“Com as ambições da China de se expandir para as cidades regionais e países asiáticos vizinhos, acreditamos que dar às companhias aéreas chinesas acesso ao E2 oferece grandes oportunidades”, disse Arjan Meijer.

O executivo argumentou que os jatos da série E2, em especial os modelos E190-E2 e o E195-E2, completam a linha de aeronaves da COMAC. Ele também ressaltou que os jatos regionais da nova geração são comprovadamente eficazes em locais com climas extremos, como a região montanhosa do Tibete.

Embraer E190-E2
Na visão de Arjan Meijer, os jatos da família E2 complementam a linha de produtos da COMAC (Embraer)

“Acreditamos que a força da Embraer está em seus produtos, mas também em nossa organização de suporte”, afirmou Meijer, acrescentando que a Embraer possui uma rede de centros de serviços na China, Índia, Filipinas e Austrália, além de centros de distribuição de peças na China e Cingapura, e simuladores de voo na China e no Japão. “Oferecemos confiabilidade para as companhias aéreas.”

Questionado pelo jornal japonês sobre a queda na entrega de aeronaves comerciais da Embraer em 2020, quando a empresa enviou apenas 44 novos aviões aos clientes, Meijer respondeu que o ritmo das vendas continuará “lento” até 2024 ou 2025. “Esperamos que 2021 seja um pouco melhor do que 2020.”

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