Embraer espera desfecho breve em arbitragem contra a Boeing

Companhia acredita que julgamento será concluído até setembro, após previsão de resolução em junho ter sido frustrada
Boeing e Embraer: joint venture cancelada em 2020
Boeing e Embraer: joint venture cancelada em 2020 (Airway)

A Embraer voltou a prever um desfecho breve para a arbitragem que move contra Boeing após o fim abrupto da joint venture entre as duas empresas.

Em apresentação dos resultados financeiros do 2º trimestre, a empresa declarou acreditar que a decisão sobre o assunto ocorrerá até setembro, embora observe que não tem como garantir isso.

De fato, a fabricante já teve uma previsão frustrada após ter dito que esperava uma resolução para o fim de junho.

“A Embraer está buscando todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos pela Embraer em razão da rescisão indevida e das violações do Master Transaction Agreement e do Contribution Agreement pela Boeing, incluindo procedimentos arbitrais iniciados por
ambos os lados acerca da rescisão do Master Transaction Agreement e do Contribution Agreement pela Boeing”, disse a empresa.

“Boeing Brasil Commercial”

A Boeing e a Embraer se aproximaram logo após a Airbus adquirir o programa C Series, da Bombardier, em 2018 e que reforçou seu portfólio com jatos modernos a partir de 100 assentos.

Para responder à rival, a fabricante dos EUA propôs assumir 80% da divisão de aviação comercial da Embraer, por um valor de US$ 4,2 bilhões.

Boeing Brasil -Commercial seria o nome da nova empresa
Boeing Brasil -Commercial seria o nome da nova empresa

O acordo foi assinado em julho de 2018 e que daria origem à Boeing Brasil Commercial assim que o contrato de venda definitivo fosse assinado em abril de 2020.

Nesse meio tempo, a Embraer passou a separar o negócio de aviões comerciais do grupo e até criou uma empresa provisória para isso à espera da assinatura com a Boeing.

Crise de credibilidade

A companhia norte-americana, por outro lado, entrou em uma espiral de problemas logo que um 737 MAX 8 da Lion Air caiu no mar em outubro de 2018.

No ano seguinte soube-se que a aeronave tinha um problema grave com o sistema MCAS, que deveria ajudar os pilotos a compensar um comportamento do 737 MAX de elevar o nariz, fruto de mudanças no projeto para acomodar motores maiores.

Boeing 737 MAX da Lion Air
Boeing 737 MAX da Lion Air (PK-REN/Wikimedia)

Um segundo acidente com um jato da Ethiopian Airlines em março de 2019 precipitou o aterramento de todos os aviões e o início de uma crise de credibilidade que perdura até hoje.

No ano seguinte, em meio ao início da pandemia do Covid-19, a Boeing alegou que a Embraer não cumpriu os requisitos da joint venture e desistiu do acordo, deixando a então parceria com enormes prejuízos assumidos para preparar o terreno para a aquisição.

Semanas após o fim da joint venture, Boeing e Embraer entraram na Justiça para buscar ressarcimentos, o que já se prolonga por mais de quatro anos.

 

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