A Embraer voltou a prever um desfecho breve para a arbitragem que move contra Boeing após o fim abrupto da joint venture entre as duas empresas.
Em apresentação dos resultados financeiros do 2º trimestre, a empresa declarou acreditar que a decisão sobre o assunto ocorrerá até setembro, embora observe que não tem como garantir isso.
De fato, a fabricante já teve uma previsão frustrada após ter dito que esperava uma resolução para o fim de junho.
“A Embraer está buscando todas as medidas cabíveis contra a
Boeing pelos danos sofridos pela Embraer em razão da rescisão
indevida e das violações do Master Transaction Agreement e do
Contribution Agreement pela Boeing, incluindo procedimentos
arbitrais iniciados por
ambos os lados acerca da rescisão do Master Transaction Agreement e
do Contribution Agreement pela Boeing”, disse a empresa.
“Boeing Brasil Commercial”
A Boeing e a Embraer se aproximaram logo após a Airbus adquirir o programa C Series, da Bombardier, em 2018 e que reforçou seu portfólio com jatos modernos a partir de 100 assentos.
Para responder à rival, a fabricante dos EUA propôs assumir 80% da divisão de aviação comercial da Embraer, por um valor de US$ 4,2 bilhões.
O acordo foi assinado em julho de 2018 e que daria origem à Boeing Brasil Commercial assim que o contrato de venda definitivo fosse assinado em abril de 2020.
Nesse meio tempo, a Embraer passou a separar o negócio de aviões comerciais do grupo e até criou uma empresa provisória para isso à espera da assinatura com a Boeing.
Crise de credibilidade
A companhia norte-americana, por outro lado, entrou em uma espiral de problemas logo que um 737 MAX 8 da Lion Air caiu no mar em outubro de 2018.
No ano seguinte soube-se que a aeronave tinha um problema grave com o sistema MCAS, que deveria ajudar os pilotos a compensar um comportamento do 737 MAX de elevar o nariz, fruto de mudanças no projeto para acomodar motores maiores.
Um segundo acidente com um jato da Ethiopian Airlines em março de 2019 precipitou o aterramento de todos os aviões e o início de uma crise de credibilidade que perdura até hoje.
No ano seguinte, em meio ao início da pandemia do Covid-19, a Boeing alegou que a Embraer não cumpriu os requisitos da joint venture e desistiu do acordo, deixando a então parceria com enormes prejuízos assumidos para preparar o terreno para a aquisição.
Semanas após o fim da joint venture, Boeing e Embraer entraram na Justiça para buscar ressarcimentos, o que já se prolonga por mais de quatro anos.