Em contagem regressiva para seu aniversário de 50 anos, a Embraer vai completar meio século de história no momento em que começa a se desligar parcialmente da aviação comercial, mas ao mesmo tempo inicia uma nova na área militar. O avião multimissão KC-390 está pronto, como o Airway conferiu na fábrica da empresa em Gavião Peixoto, com hangares repletos de componentes e aeronaves em diferentes estágios de produção.
Comprados pela Força Aérea Brasileira (FAB) para substituir os antigos cargueiros C-130 Hercules, o KC-390 lançou um enorme desafio na indústria aeronáutica nacional, o mais complexo e ousado da história da Embraer. Além de ocupar a vaga dos Hercules brasileiros, a fabricante também propôs um avião melhor e muito mais avançado tecnologicamente.
O KC-390 recebeu a certificado de tipo da ANAC em outubro de 2018, que libera o avião para voar no Brasil. O próximo passo para o KC-390 é alcançar a Capacidade Operacional Final, que atesta a aeronave para todas as missões apresentadas no projeto, iniciado em 2009.
O primeiro modelo operacional será entregue à FAB nas próximas semanas, após o Paris Air Show, onde o avião será exibido antes de entrar em serviço. “Ainda não temos a data exata. Quem vai decidir isso é o cliente (a FAB). Normalmente, por ser um fato importante, o operador pode escolher uma data especial”, comentou Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.
Neste mês e no próximo, a Força Aérea Brasileira tem uma série de datas comemorativas que de uma forma ou de outra podem ser associadas ao KC-390. Em junho, por exemplo, serão celebrados o dia da Aviação de Reconhecimento (24 de junho), e o dia da Aviação de Busca e Salvamento (em 26 de junho). Se preferir postergar a entrega, a FAB pode aproveitar a ocasião do dia 20 de julho quando é celebrado o dia do nascimento de Alberto Santos Dumont.
Produção
Na linha de produção em Gavião Peixoto o projeto enche os hangares os Embraer e olhos de quem vê. A montagem do KC-390 é complexa. Componentes fabricados por lá mesmo e outros vindos de Portugal, Argentina e Republica Tcheca são combinados na unidade no interior de São Paulo e preparados para o voo. Neste momento, sete unidades correm nas linhas e a planta está preparada para produzir até 18 aviões por ano.
O trabalho de montagem da aeronave chama a atenção pela delicadeza, com robôs e operários certificando a qualidade e a instalação de cada peça e parafuso da aeronave, projetado para um dos trabalhos mais pesados da aviação. Multimissão, o KC-390 poderá executar quase uma dezena de missões, todas desafiadoras.
Em missão de transporte, o KC-390 pode transportar um tanque médio ou até um helicóptero Blackhawk. Levando tropas, embarca 80 soldados ou 66 paraquedistas. Também será usado no reabastecimento aéreo de caça, operações de busca e salvamento de longo alcance, combate a incêndios, evacuação médica e transporte de cargas. Em todos esses quesitos, a aeronave supera o Hercules e ainda voa mais rápido e tem maior autonomia em todas as situações.
Além de suprir a necessidade da FAB, que encomendou 28 exemplares por R$ 7,2 bilhões, o KC-390 também pode atrair mais clientes pelo mundo, justamente aqueles que também buscam um substituto para o Hercules. O cargueiro da Lockheed Martin estreou no serviço militar em 1956 com a força aérea dos EUA.
E a Boeing?
O programa KC-390 também foi outra parte negociada no acordo de joint-venture da Boeing com Embraer. A parceria é dividida entre 51% para empresa brasileira e os demais 49%, para a Boeing.
Para o presidente da divisão militar da Embraer, a negociação com a Boeing será positiva para impulsionar o projeto no mercado mundial. “Essa joint-venture vai aumentar as possibilidades do KC-390 para capturar o mercado internacional”, disse Schneider.
“Já o temos de longe o melhor produto da categoria. Ele é mais rápido, tem maior capacidade, menores custos de operação e manutenção, é multimissão, o mesmo avião pode cumprir uma série de missões”, contou Schneider.
Ainda sobre as novas possibilidades para o KC-390 com a entrada da Boeing, o CEO da Embraer Defesa & Segurança lembrou do poder da marca americana. “A parceria é muito forte na estratégia de defesa. A aliança com a Boeing nos dá um diferente perfil de negociação no mercado para oferecer o produto no mercado e aumentar nossa presença em alguns países e algumas forças aéreas de uma forma diferente.”
Schneider ainda acrescentou que a Embraer não tem a intenção de levar a produção do KC-390 para os EUA. “Ainda é muito cedo para discutir isso. Se houver necessidade, podemos pensar nisso”, disse o CEO, que ainda expressou o desejo de ter a força aérea dos EUA como cliente da aeronave.
Se o KC390 é um aviao de cargas, multi missão tão completo, mais moderno que os concorrentes, pq ainda nao deslanchou nas vendas????