Embraer não quer competir com Boeing e Airbus em jatos maiores por enquanto

Fabricante brasileira diz que não pensa em lançar um grande programa de avião comercial agora. Em vez disso, empresa prefere recuperar o investimento nos E2 e desenvolver família Energia de aeronaves sustentáveis
E195-E2 (Embraer)

Os grandes pedidos de aeronaves comerciais têm se situado sobretudo entre os jatos de corredor único, com 180 a 240 assentos, fazendo com que a fila de espera pelos A320neo e 737 MAX seja de anos.

Mas nem a grande demanda pelos jatos da Boeing e Airbus é suficiente para convencer a Embraer a entrar nessa categoria de aeronaves. Ao menos por enquanto.

Na entrevista concedida à Aviation Week, o CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, comentou sobre um possível avião maior que o E195-E2 (que tem capacidade máxima para 146 assentos).

“Não estamos pensando em iniciar um novo programa enorme que custa bilhões agora. Estamos focados em recuperar investimentos anteriores para desenvolver a família E2”, disse.

Primeiros aviões da família Energia da Embraer podem chegar ao mercado na década de 2030 (Embraer)

A Embraer também está investindo na família Energia, de aeronaves de pequeno porte com propulsão híbrida-elétrica e a hidrogênio, mas com metas distantes.

Em paralelo, a fabricante brasileira diz ainda manter vivo o projeto do turboélice regional com 70 e 100 assentos. A aeronave será baseada na fuselagem dos E-Jets, mas com motores turboélices na cauda e uma altura livre do solo pequena para facilitar a operação em aeroportos sem grande infraestrutura.

“Um grande avião pode mudar o tamanho da empresa, mas também pode colocá-la em grande risco”, salientou Gomes Neto.

O novo turboélice da Embraer deve aproveitar a fuselagem dos E-Jets para acelerar o desenvolvimento do projeto (Embraer)
O novo turboélice da Embraer deve aproveitar a fuselagem dos E-Jets para acelerar o desenvolvimento do projeto (Embraer)

Mercado pede por jatos maiores

De fato, a Embraer não tem tido o mesmo apetite por investimento que demonstrou no passado. Após desenvolver a série E2 com três modelos finalizados em pouco tempo, a empresa se vê hoje às voltas com um erro estratégico, o E175-E2.

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O menor dos E2 deveria ser uma aeronave sob medida para o mercados dos EUA, mas dependia para isso do relaxamento das regras de escopo para ser encomendado.

Isso não ocorreu e não há perspectiva de mudanças no acordo entre os sindicatos de pilotos e as grandes empresas aéreas norte-americanas. Por isso, a Embraer congelou o programa sem prazo claro.

Boeing 737 MAX 7: Embraer não pretende brigar nesse patamar por enquanto (Steve Lynes)

Segmento tentador

A expansão do portfólio além do E195-E2, no entanto, é tentadora. A própria versão tem se mostrado a mais atraente para os clientes, com 245 dos 270 pedidos firmes até março.

Não faz muito tempo, a Embraer teria estudado um novo acréscimo no comprimento do E195-E2 a fim de oferecer mais assentos. A aeronave, no entanto, está perto do seu limite físico já que, com mais de 41 metros, é mais longa que um A320 ou um 737 MAX 8.

 

O A220 tem atraído clientes que normalmente optariam pela família A320 e o 737 (Airbus)

O potencial demonstrado pelo Airbus A220 é certamente um bom motivo para a Embraer. O jato desenvolvido originalmente pela Bombardier e hoje nas mãos da Airbus estaria prestes a ganhar uma versão de maior capacidade, além de ver seu ritmo de produção ser ampliado nos próximos meses.

Uma aeronave maior que os E2 colocaria a fabricante brasileira em embate direto com Boeing e Airbus, algo bastante difícil de lidar. Mas se há atualmente uma fabricante no Ocidente com capacidade técnica para isso é justamente a Embraer.

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