Em entrevista recente ao Aviation Week, Jackson Schneider, CEO da Embraer Defesa e Segurança, disse que “sistemas de aeronaves não tripuladas e um transporte militar híbrido-elétrico” podem ser adicionados ao portfólio da empresa ainda neste ano.
Como destaca a publicação, o desenvolvimento de aeronaves não tripuladas pode ser uma reedição do projeto Falcão (na imagem acima), drone de vigilância que seria desenvolvido pela Harpia Sistemas. A empresa, formada em 2011, era uma joint venture da Embraer com a AEL Sistemas e a Avibras, mas acabou desfeita cinco anos depois devido a cortes de verbas do governo brasileiro.
Schneider não confirmou a sugestão da publicação, mas disse: “acreditamos nesse mercado – temos que estar lá”. O executivo ainda acrescentou que “talvez possamos anunciar algo em 10 meses”.
“Estamos analisando uma família inteira (de drones)”, disse Schneider. “A defesa já é um mercado onde este produto é mais do que um conceito; é requerido.”
Sobre o transporte militar híbrido-elétrico, já conhecido como Embraer STOUT (sigla em inglês para Transporte Utilitário de Decolagem Curta), Schneider afirmou que os requisitos do projeto para operar a partir de pistas não pavimentadas na Floresta Amazônica podem ser relevantes em certos mercados comerciais, como países compostos por muitas ilhas.
Os primeiros detalhes do STOUT foram divulgados em novembro de 2020 pelo Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, comandante da Aeronáutica. O projeto faz parte de um acordo entre a Embraer e a FAB, que assinaram um memorando de entendimento no final de 2019 para iniciar as pesquisas sobre a aeronave híbrida. O avião futurista é proposto para substituir os antigos turboélices C-95 Bandeirante e C-97 Brasília da força aérea.
O presidente da divisão de produtos militares da Embraer ressaltou que o sistema de motorização híbrido-elétrico do STOUT pode oferecer uma alternativa mais ecologicamente correta para o transporte aéreo interurbano. “É isso que estamos analisando”, disse o executivo.
Se os projetos de aeronaves não tripuladas e o STOUT entrarem em produção, a Embraer terá duas plataformas adicionais para desenvolver novos produtos durante a segunda metade desta década, indica a tradicional publicação americana.
Apesar do fracasso das joint ventures que seriam formada pela Embraer a Boeing nas áreas de aviação comercial e militar, o Aviation Week lembrou que as duas empresas ainda mantém de pé um acordo sobre a vendas e suporte da aeronave multimissão C-390 Millennium, firmado em 2016. Questionado sobre o tema, Schneider afirmou que as duas companhias ainda estão discutindo o futuro do relacionamento, mas que não podia “entrar em detalhes sobre isso”.
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