Uma reportagem do Airfinance Journal aponta que a Embraer está estudando o mercado de transporte aéreo de cargas e pode lançar um programa de conversão de cargueiros baseados nos E-Jets. Segundo a publicação, a empresa deve anunciar uma decisão sobre o tema neste mês.
Fontes familiarizadas com o assunto disseram ao jornal que “o projeto de conversão do E190 é independente dos voos de carga da Azul”, citando as operações da Azul com os E195 adaptados para transportar cargas. “A ideia por trás do programa de conversão é obter uma solução de longo prazo para essas frotas”, acrescentou.
A publicação diz que a Embraer está avaliando as conversões dos modelos E190 e E195. Modelo mais famoso da série, o E175 não teria espaço suficiente na fuselagem para instalação de uma porta de carga. O jornal cita ainda que um E190 convertido teria uma carga útil máxima em torno de 11 toneladas – como comparação, um cargueiro 737-400F comporta 20 toneladas.
Sugerindo que a Embraer avance no desenvolvimento dos E-Jets cargueiros, o jornal acredita que um protótipo pode voar até o final do 2022, com as primeiras entregas aos clientes em 2023.
A Embraer ainda não comentou o assunto.
Nicho especial
A conversão dos E-Jets em cargueiros, considerando modelos baseados nos jatos E190 e E195, coloca a Embraer numa lacuna entre os Boeing 737 (e o recém-lançado A320 P2F) e o turboélices ATR 72 modificados para o transporte de carga.
Uma proposta da Embraer nesse sentido pode ser uma alternativa mais rápida e com maior capacidade de carga comparado aos cargueiros turboélice. São aviões que repetem sua essência na aviação regional, com voos entre grandes centros e regiões menores, mas focadas integralmente no transporte de cargas.
A pandemia da COVID-19 gerou uma imensa procura por transporte aéreo de cargas ao redor do mundo. O crescimento do setor foi influenciado pelo transporte de insumos médicos e o forte crescimento do e-commerce nos últimos meses devido às restrições sociais de prevenção ao vírus. A demanda é tão alta, que muitas companhias adaptaram aviões de passageiros para o frete aéreo – como o caso dos E195 adaptados pela Azul, que comportam cerca de 6 toneladas.
A análise do Airfinance Journal menciona a opção do E-Jet de carga como um substituto para pequenas frotas de antigos cargueiros baseados no BAe 146, Boeing 737-200 e 737-300, e o McDonnell Douglas DC-9.
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