O otimismo de Francisco Gomes Neto, presidente e CEO da Embraer, é manchete no renomado Flight Global, uma das maiores referências da imprensa aeronáutica. Em entrevista, o executivo disse que a empresa deve alcançar um novo patamar em 2025, superando até mesmo os resultados do período pré-pandemia.
A publicação britânica diz que a Embraer, mesmo durante a pandemia, “está indo com tudo”, enquanto outras empresas aeroespaciais estão “hibernando”, esperando pelo fim da crise. No próximo ano, a fabricante brasileira deve divulgar os primeiros detalhes de dois novos projetos conceituais.
Notícias sobre a proposta de um avião turboélice comercial provavelmente surgirão no primeiro trimestre, seguido dos progressos sobre uma aeronave militar com motorização híbrida-elétrica, disse Gomes Neto.
O CEO da Embraer afirma que esses projetos, combinados com novas parcerias e a diversificação do portfólio de produtos, deixarão a empresa mais forte do que nunca.
“Achamos que, na verdade, daqui a cinco anos a Embraer será maior do que antes da Covid”, disse Gomes Neto. “De 2022 em diante, esperamos muito crescimento.”
É uma previsão ousada, considerando a situação atual do setor aéreo. A publicação ainda lembra que a Embraer está se recuperando após ter separado sua unidade de aviação comercial, que seria controlada pela Boeing – o acordo de US$ 4,2 bilhões foi cancelado pelos americanos em abril.
O resultado da crise econômica global gerada pela pandemia é evidente nas contas da Embraer: a empresa perdeu mais de US$ 723 milhões neste ano e as entregas de aeronaves comerciais despencaram. Até setembro, a Embraer Aviação Comercial entregou 16 aviões, contra 54 no mesmo período em 2019. Na divisão de aviação executiva a queda foi menor, com 43 jatos entregues nos primeiros nove meses, contra 63 no mesmo intervalo no ano passado.
Próximos passos da Embraer
Em meio à crise do coronavírus, a Embraer revelou o “Plano Estratégico 21-25”, um roteiro sobre os próximos passos da empresa para superar a pandemia e voltar a crescer.
Para isso, a Embraer quer aumentar sua eficiência de produção, logística e reduzir custos. A empresa também quer atuar de forma mais agressiva na venda de aeronaves, além de aventar a possibilidade de formar novas parcerias e lançar de novos produtos.
“Estamos abertos a parcerias com engenharia, produção local, qualquer coisa que nos ajude a introduzir nossos produtos em novos mercados”, disse o CEO da Embraer à publicação, acrescentando que espera “ter notícias concretas sobre algumas potenciais parcerias no primeiro trimestre do ano que vem.”
Como se sabe, os novos produtos analisados pela Embraer são um turboélice comercial com capacidade entre 70 e 100 passageiros, o avião militar híbrido-elétrico STOUT e uma aeronave elétrica de pouso e decolagem vertical (eVTOL).
“O eVTOL, acreditamos, pode ser o unicórnio da Embraer no próximo ano”, aposta Gomes Neto. O executivo disse ainda que o primeiro protótipo em escala real do eVTOL deve voar “no início do próximo ano”.
Falando sobre o turboélice de passageiros, o executivo afirmou que os estudos sobre a aeronave estão “bastante avançados”, acrescentando que Embraer busca parceiros para acelerar seu desenvolvimento.
“Gostamos muito deste projeto”, diz ele, estimando a oportunidade de mercado na categoria dos turboélices em cerca de “1.000 unidades nos próximos dez anos”.
Comentando sobre o STOUT, Gomes Neto disse que espera “ter notícias concretas sobre o contrato até o segundo trimestre do ano que vem” e que o projeto “está indo muito bem”. O avião com motorização híbrida é proposto como um substituto para os antigos EMB-120 Brasília da Força Aérea Brasileira.
Enquanto isso, a Embraer está desenvolvendo um protótipo com motorização totalmente elétrica baseado no avião agrícola EMB-203 Ipanema. O primeiro voo é programado para 2021.
Diversificação dos negócios
Além de criar novos produtos, a Embraer também está ampliando seus horizontes em áreas diferentes. A empresa lançou neste ano o Phenom 300MED para transporte aeromédico e recentemente confirmou a venda de duas aeronaves multimissão KC-390 para a Hungria equipadas com unidades de terapia intensiva.
Outro produto da Embraer que pode ter boa aceitação no mercado militar é o avião de vigilância e reconhecimento P600 AEW (sigla em inglês para Alerta Aéreo Antecipado), um “avião radar” baseado no jato executivo Praetor 600, desenvolvido em parceria com a Israel Aerospace Industries. A empresa também desenvolveu uma adaptação do E-Jet para transportar carga.
Outro ponto importante na estratégia de cinco anos da fabricante de São José dos Campos é expandir seus negócios de serviços de aviação. Recentemente, a OGMA, empresa portuguesa controlada pelo grupo Embraer, tornou-se um centro de manutenção autorizado para motores Pratt Whitney PW1100G (usado por exemplo no Airbus A320neo), o que acabará por triplicar a receita da divisão, segundo Gomes Neto.
“Vamos nos concentrar em nosso mercado principal, que é a aviação. Mas também queremos abrir novas frentes para sustentar nosso crescimento e crescimento com rentabilidade ”, concluiu o CEO da Embraer.
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Não irão se arrepender. Tenho mais de 3 mil horas de Embraer 195, E1, e o E2 vem com todas aquelas modificações que o piloto gostaria e mais além, um projeto totalmente novo e melhorado. Parabéns às Empresas que apostaram nesse moderníssimo avião.