Embraer revela a família ‘Energia’, de aeronaves sustentáveis

Plano foi anunciado nesta segunda-feira pela fabricante brasileira e envolve quatro aeronaves conceituais que utilizam propulsão 100% elétrica, híbrida e hidrogênio. Primeiro modelo pode chegar ao mercado em 2030
Os quatro conceitos sustentáveis da Embraer

A Embraer apresentou nesta segunda-feira (8) seus planos iniciais com o intuito de viabilizar uma nova safra de aeronaves civis sustentáveis, em linha com a crescente preocupação com meio ambiente. Batizada de “Energia”, a nova família de aviões conceituais inclui modelos movidos 100% a bateria, mas também propostas híbridas com células de hidrogênio e eletricidade, mas também turbinas a gás, como hoje.

A apresentação contou com os principais dirigentes da fabricante brasileira, incluindo Luis Carlos Affonso, vice-presidente sênior de Engenharia, Tecnologia e Estratégia Corporativa da Embraer, Arjan Meijer, Presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, e Rodrigo Silva e Souza, Vice-Presidente de Marketing da Embraer Aviação Comercial.

Segundo a empresa, o plano é testar vários conceitos e tecnologias ao longo dos próximos anos a fim de encontrar as propostas mais promissoras. Por essa razão, a Embraer dividiu o programa em quatro tipos de propulsão a saber:

Energia Hybrid (E9-HE)
– propulsão híbrida-elétrica
– até 90% de redução das emissões de CO2
– 9 assentos
– motores montados na parte traseira
– disponibilidade da tecnologia em 2030

Energia Electric (E9-FE)
– propulsão elétrica completa
– emissões zero de CO2
– 9 assentos
– hélices contra-rotativas traseiras
– disponibilidade da tecnologia em 2035

Energia H2 Fuel Cell (E19-H2FC) 
– propulsão elétrica de hidrogênio
– emissões zero de CO2
– 19 assentos
– motores elétricos montados na parte traseira
– disponibilidade da tecnologia em 2035

Energia H2 Gas Turbine (E50-H2GT)
– propulsão de hidrogênio ou SAF / JetA
– redução de emissões de CO2 em até 100%
– 35 a 50 assentos
– motores montados na parte traseira
– disponibilidade da tecnologia em 2040

Nota-se de início que a Embraer separou as tecnologias pela complexidade e autonomia. Enquanto o projeto mais rápido de ser desenvolvido envolve uma aeronave de pequeno porte, semelhante aos jatos Phenom, o maior modelo é equivalente ao ERJ 145.

O Energia Hybrid, previsto para 2030, combina uma solução cuja tecnologia já está mais acessível, o uso de um motor a turbina com outro elétrico. A configuração possui um bom alcance, de 500 milhas náuticas (926 km), porém, é a que reduz menos a emissão de poluentes, sobretudo com uso de Jet A, o querosene atual.

O E9-HE, como também é chamado, possui uma configuração convencional, com cauda em T e motores montados em pilones na traseira e com hélices do tipo pusher com sete pás. A empresa sugere que a aeronave poderá ter janelas laterais amplas, além de asas de perfil supercrítico.

O Energia H2 Fuel Cell envolve o uso propulsão elétrica mas extraídas de células de hidrogênio em vez de levar baterias. Essa solução, idealizada numa aeronave para 19 assentos, tem zero emissão de CO2 e lembra bastante um jato executivo como o Praetor, porém, com a seção traseira alongada para acomodar os tanques de hidrogênio – 2035 é considerado um prazo factível para a tecnologia.

O Energia H2 Gas Turbine, por sua vez, é um híbrido não-elétrico. A ideia aqui é que o avião, que pode levar de 35 a 50 passageiros, possa fazer uso de dois modos de propulsão dependendo da distância a ser percorrida. Se o trajeto for de até 350 milhas náuticas (650 km) seria possível voar apenas em modo a hidrogênio, caso o voo passe disso, a turbina a gás seria acionada. Ele é o que mais deve levar tempo para se concretizar – 2040.

Em todos esses casos, a adoção de combustível sustentável (SAF) reduziria os níveis de emissão de forma considerável.

A evolução sustentável dos aviões da Embraer

Design peculiar

Dos quatro projetos, o que mais surpreendeu foi Energia Electric, um pequeno avião de asa alta totalmente elétrico e com capacidade para nove passageiros. O layout sugerido envolve a instalação de hélices contrarotativas à frente da cauda em T, que seriam movimentadas apenas por baterias de longa duração. Seu alcance seria de 200 milhas náuticas (370 km), com redução de ruídos de até 80% em relação às aeronaves de porte semelhante atuais. Seu horizonte é de 2035.

Questionados, os executivos frisaram que a Embraer possui condições de investir no desenvolvimento das tecnologias nos próximos anos e que a experiência obtida com esses estudos pode ajudar em outras áreas de atuação como a defesa.

Para viabilizar as tecnologias, a empresa afirmou ter feito parceria com um consórcio internacional de universidades de engenharia, institutos de pesquisas aeronáutica e pequenas e médias empresas para entender melhor a captação, armazenamento e gerenciamento térmico de energia, e suas aplicações para a propulsão sustentável de aeronaves.

A Embraer divulgou um interessante cronograma que mostra não só as aeronaves da família Energia, mas também projetos que já estão em gestação como o turboélice de passageiros de nova geração que deve chegar ao mercado na segunda metade da década.

Num cenário bem mais distante, a fabricante brasileira vê o aprendizado se refletir em suas aeronaves de maior porte. Assim, em 2045 ela imagina o turboélice regional movido a hidrogênio enquanto os jatos da família E2 seriam substituídos por uma nova série também utilizando H2.

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