Perto de ser concluído, o novo jato E190-E2 passou por testes com “gelo simulado”, informou a Embraer nesta semana. O ensaio é realizado com um equipamento que simula o acúmulo de gelo em superfícies do avião. Os dados coletados são analisados para ajustar a aeronave a essa situação, comum na aviação.
A prova de gelo é um dos requisitos necessários para certificar a aeronave para o serviço comercial. O primeiro modelo da nova geração E-Jets 2 está previsto para entrar em operação no primeiro semestre de 2018, com a companhia Widerøe, da Noruega.
Os testes mais recentes envolveram formas de gelo simuladas em superfícies críticas dos estabilizadores de bordo, estabilizadores horizontais e verticais da asa da aeronave. Os dados coletados serão usados para validar o avião para os próximos testes em condições naturais de congelamento.
A prova de gelo simulado também é um marco importante no projeto, encerrando o fim dos voos de desenvolvimento do E190-E2. Ou alcançando a fase de “congelamento aerodinâmico”, como ressalta a Embraer – o termo indica que o avião está pronto para iniciar os voos de teste de certificação. Recentemente, a fabricante brasileira também simulou a resistência do novo E190 contra raios.
Por que o avião acumula gelo?
O avião é uma máquina que cumpre a maior parte de seu trabalho em ambientes congelantes. Mesmo em regiões tropicais, a temperatura a 3.000 metros de altitude já pode chegar a zero grau. A mais de 10.000 m, faixa em que os jatos comerciais voam, o frio é ainda mais intenso, baixando a dezenas de graus. O gelo é formado normalmente quando a aeronave passa por uma região fria com muita umidade.
O principal problema que a formação de gelo pode causar é a alteração do fluxo de ar que corre sobre as superfícies das asas e de controles de voo, aumentando o arrasto aerodinâmico e diminuindo a sustentação da aeronave.
Mas essa condição está longe de ser um problema na aviação. Os aviões possuem dispositivos especiais que impedem o acumulo de gelo em voo. As partes do avião mais afetadas por essa condição são os bordos de ataque das asas e do estabilizador horizontal. Por conta disso, esses dois componentes contam com sistemas elétricos de aquecimento para prevenir o congelamento antes mesmo que ele comece.
A solução do aquecimento também é usada no parabrisa e nos tubos de pitot, equipamento que mede a velocidade do avião em voo. Nos motores a jato, a formação de gelo pode ocorrer nas pás dos rotores. Outro risco é esse gelo se soltar e ser ingerido pelo motor.
O sistema antigelo dos motores a jato usa o “ar sangrado” do motor (ar desviado das partes “quentes” do motor) para manter as pás aquecidas. Sensores e outros equipamentos sensíveis do propulsor são protegidos da mesma solução ou com aquecedores elétricos.
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