A Embraer teve um trimestre como há tempos não ocorria, com receita total de R$ 9,4 bilhões, aumento de quase 50% em relação ao mesmo período de 2023.
A despeito disso, a fabricante brasileira reviu para baixo a meta de entregas de aviões comerciais. De uma faixa de 72 a 80 jatos, a Embraer agora estima concluir 2024 com 70 a 73 entregas.
A meta da aviação executiva, no entanto, permanece inalterada, com previsão de 125 a 135 aeronaves a serem enviadas aos seus clientes.
Por falar em jatos executivos, foi essa divisão e a Embraer Defesa & Segurança que puxaram o ótimo resultado do trimestre anterior.
A Aviação Executiva pulou de R$ 1,67 bilhão para R$ 3,1 bilhões, aumento de 86%, o melhor resultado já obtido pela unidade de negócios em sua história.
Já a divisão de Defesa & Segurança, puxada pela produção do C-390 Millennium, viu seu faturamento subir de R$ 651 milhões para R$ 1,2 bilhão (87%). A margem bruta, no entanto, caiu em meio a uma série de turboélices A-29 produzidos sem clientes e atrasos na cadeia de suprimentos.
Problemas na produção dos E-Jets
As receitas da Aviação Comercial, principal unidade de negócios da empresa, também cresceram, de R$ 2,1 bilhões para R$ 2,6 bilhões, mas assim como na defesa, dificuldades com fornecedores prejudicaram o resultado final.
Não surpreende, portanto, que a meta de entregas de E-Jets tenha sido revista já que até setembro a Embraer havia entregue apenas 42 aeronaves. Ela terá, portanto, que concluir o envio de ao menos 28 jatos até dezembro para atingir seu patamar mínimo.
Unidade de negócios que tem ampliado sua participação, Serviços & Suporte terminou o trimestre com receita de R$ 2,36 bilhões (alta de 32%).
Por mais que o cenário pareça promissor algumas medidas precisam ser tomadas para que a Embraer tenha números ainda mais favoráveis para 2025.
Defesa & Segurança como bem apontado estão indo bem agora que o C/KC-390 Millennium começou a levar contratos em um maior ritmo, foi um ano para o modelo muito bom e estamos na torcida para que mais encomendas venham em 2025 quem sabe superando os números deste ano.
Mas outros produtos precisam voltar a ter um apelo, como é o caso do EMB-314 Super Tucano este que precisa de encomendas e ainda tem um mercado muito amplo para ser explorado mundo afora. Some isso a modernização que a FAB deverá fazer nos seus exemplares e quem sabe torcer para uma compra complementado os exemplares perdidos ao longo das últimas duas décadas de serviço.
O programa Gripen E/F, este precisa de volume de produção nacional mas já surgiram informações que a encomenda inicial só deve ser completada na próxima década, não por falta de capacidade da Embraer mas por problemas de ordem orçamentária da FAB e suas articulações que falharam mais uma vez. Em um mundo ideal deveríamos já estar pensando no segundo lote e também exportando o modelo algo que tem potencial se bem trabalhado.
Outros programas em andamento precisam de maior visibilidade para que a sua promoção sejae ampliada ao ponto de gerar encomendas.
Jatos executivos: Estes vão indo muito bem o mercado esta em alta e a aceitação dos produtos esta proporcionando uma linha de produção bem ocupada.
Aviação comercial: Bom este é o segmento que mais me preocupa, por mais que os E-Jets de primeira geração tenham dominado o mercado em especial nos EUA e tendo no E-175E-1 o seu produto que continua vendendo bem demais o mesmo não podemos dizer sobre o programa E-2.
Prometeu muito mas com a compra do programa C-Series pela Airbus transformando no A220 as coisas ganharam um outro porte. É difícil para alguns admitirem mas perdemos a liderança e os números mostram bem isso, a configuração do A220 (3+2) alcance e afins deram a este a vantagem do mercado contando hoje com mais que o dobro de encomendas se comparado com os E-2. Some isso aos problemas sindicais nos EUA que paralisaram o desenvolvimento do E-175E-2 que alguns já contam como um projeto duvidoso ao menos pelos próximos anos, já os 190/195 da segunda geração estão vendendo mas longe daquilo que era esperado.
Olho ás vezes e penso que poderíamos estar em um outro patamar, mas por questões internas da Embraer e essa obsessão em se manter no segmento regional limitam o crescimento da empresa em rumos novos e promissores. O posicionamento de terceira maior fabricante do mundo de aeronaves comerciais será perdido nos próximos anos caso não existam novos planos neste sentido.
A chinesa COMAC só com a demanda interna deve ocupar esta posição quando as linhas de produção dos seus C909/919 forem bem estabelecidas e futuramente o C929, correndo por fora a Irkut com os MC-21 e SSJ-100 somados aos Tupolev Tu-204 e Ilyushin IL-114 que por conta dos acontecimentos nos últimos anos tomaram novamente força. Podemos cair de 3ª para 5ª e com isso podemos esperar algumas mudanças nos próximos anos será?