A EmbraerX revelou nesta terça-feira (11) um novo conceito de veículo elétrico voador para o projeto de mobilidade aérea Uber Air. O projeto foi apresentado durante o Uber Elevate 2019, em Washington, nos Estados Unidos, encontro que reúne fabricantes, investidores e representantes governamentais para a discutir a viabilidade dos táxis aéreos compartilhados.
A divisão da Embraer ainda não comenta sobre o desempenho ou lançamento da aeronave elétrica, mas diz que o conceito “busca a melhor experiência do usuário para fazer uma aeronaves facilmente acessível para todos”. A empresa ilustra o projeto com imagens de passageiros com necessidades especiais embarcando no veículo, que a fabricante também chama de eVTOL, sigla para “veículo aéreo elétrico de pouso e decolagem vertical”.
“Como uma aceleradora de mercado comprometida com o desenvolvimento de soluções que transformam experiências da vida, unimos a visão do desenvolvimento centrado no ser humano com os nossos 50 anos de expertise em negócios e engenharia de uma forma única. Esses são os fatores por trás dos avanços técnicos e das inovações que estamos trazendo para esse novo conceito de eVTOL”, explica Antonio Campello, presidente & CEO da EmbraerX.
A EmbraerX afirma que o novo conceito é resultado de testes e simulações que consideram a otimizando operacional para o ambiente urbano, com alta confiabilidade, baixos custos de operação e progressivamente autônomo. O veículo sugerido pela empresa brasileira é 100% elétrico, com oito rotores de sustentação e dois para impulsionar o voo vertical.
“A equipe da Embraer se concentrou na experiência do cliente em seu mais recente conceito de veículo aéreo, utilizando redundâncias de sistemas para alcançar os mais altos níveis de segurança, ao mesmo tempo em que o sistema propulsor de oito rotores gera sustentação ao longo de toda sua extensão e emite baixo ruído. Nossa equipe está ansiosa em continuar colaborando com a Embraer para desenvolver um veículo aéreo de compartilhamento silencioso, sustentável e seguro”, disse Mark Moore, diretor de engenharia de aviação da Uber.
A EmbraerX também está trabalhando em soluções para a introdução dos eVTOL no mercado. Em parceria com controladores de tráfego aéreo, acadêmicos, pilotos e especialistas do setor, a empresa brasileira propôs recentemente um projeto de tráfego aéreo urbano FlightPlan2030.
A EmbraerX também lançou neste mês a nova plataforma de negócios Beacon, uma espécie de “LinkedIn da aviação”. A ferramenta é projetada para sincronizar empresas e profissionais de serviços de aviação, de forma mais ágil, para manter as aeronaves voando.
Próximo grande negócio da Embraer
Com a venda da divisão de aviação comercial para a Boeing, o próximo grande negócio da Embraer na indústria pode ser os táxis aéreos urbanos. A fabricante, porém, ainda não marca uma data para o primeiro voo de seu eVTOL. O novo serviço de transporte aéreo da Uber é planejado para a próxima década.
“Vai acontecer mais cedo do que muitos imaginam”, disse André Stein, diretor de estratégia da EmbraerX, em entrevista ao Airway neste mês.
O projeto da Uber propõe serviços de viagens aéreas por centros urbanos movimentados, com aeronaves operando a partir de “skyports”, as estações do Uber Air.
Além do uso de motores elétricos e o serviço de viagens compartilhadas, Stein aponta que o segredo para alcançar os baixos custos operacionais no segmento é o uso de tecnologias para o voo autônomo. “Um sistema computadorizado comporta mais veículos”, diz o diretor da empresa brasileira. “O controle autônomo de um eVTOL pode ser mais simples que o de um carro autônomo. No céu você não corre o risco de levar uma fechada no cruzamento”, compara Stein.
Os primeiros testes da Embraer com aviões elétricos estão programados para 2020, mas ainda não envolvem a aeronave sugerida para o serviço da Uber. A empresa anunciou recentemente a preparação de um demonstrador de tecnologia baseado no avião agrícola Ipanema em parceria com a multinacional brasileira WEG.
Além da Embraer, o Uber Air também conta com a participação de grandes nomes da indústria aeronáutica, como a Boeing e a Bell Helicopter, e empresas menores, como a Karem Aircraft e a Pipistrel. Outra fabricante envolvida no projeto da Uber é a Jaunt Air Mobility, que apresentou um conceito nessa terça-feira, o ROSA (Reduced rotor Operating Speed Aircraft).
O novo serviço de transporte aéreo da Uber deve estrear primeiro em grandes cidades dos EUA, com Dallas e Los Angeles como pontos preferidos, a partir de 2023. A empresa ainda busca uma terceira cidade para receber os táxis aéreos urbanos. O mapa de mercados potenciais da EmbraerX, por exemplo, inclui mais de 60 locais com potencial para receber os eVTOL, entre eles São Paulo como opção.
“O conceito do eVTOL não soluciona o problema do trânsito. Não temos a ‘bala de prata’ para isso. O projeto é uma alternativa de mobilidade urbana, uma nova forma de se deslocar por uma cidade”, contou o diretor da EmbraerX.