A Emirates Airline está alarmada com a incapacidade da Boeing de resolver seus problemas de produção. Em entrevista ao Airline Ratings, Tim Clark, presidente da companhia aérea, admitiu até cancelar o enorme pedido de 115 777X caso a fabricante dos EUA atrase o programa ainda mais.
“Honestamente, se for além de 2023 e continuar por mais um ano, provavelmente cancelaremos o programa”, admitiu Clark, que revelou que a Boeing se comprometeu a certificar o 777-9 até julho de 2023.
A companhia aérea de Dubai aposta no 777-9 como uma aeronave de grande capacidade que possa substituir o A380 e o 777-300ER com uma operação mais econômica e sustentável ambientalmente.
Mas os problemas de desenvolvimento do jato widebody bimotor têm feito a empresa colocar em prática uma estratégia alternativa, a de estender a vida útil do A380. Clark explicou que o maior avião de passageiros do mundo foi projetado para suportar até 19.000 ciclos, mas que a Emirates tenta persuadir a Airbus a ampliar esse limite para até 30.000 ciclos.
O temor da empresa reside na desconfiança demonstrada pela FAA, a agência de aviação civil dos EUA, que tem assumido a certificação individual das aeronaves produzidas pela Boeing. Até antes dos problemas de segurança do 737 MAX, a autoridade delegava à própria fabricante checar seus aviões.
Por conta da mudança, o processo de aprovação das aeronaves produzidas deverá demorar mais tempo. “Enquanto levava um tempo X para receber um avião, isso provavelmente quadruplicará agora porque a FAA quer entrar e fazer tudo sozinha”, disse Clark.
A Boeing já concluiu a montagem de 12 777-9 da Emirates, que estão armazenados ainda sem os motores. A companhia aérea espera contar com eles em 2024, quatro anos após a previsão original.
787 em dúvida
Não bastasse a situação com o 777X, a Emirates tem ainda uma encomenda de 30 787-9 Dreamliner e que deveriam começar a ser entregues a partir de maio de 2023.
Tim Clark também se mostra cético quanto à capacidade de a Boeing resolver os problemas de qualidade da aeronave e retomar sua produção, que está suspensa há meses.
Para o presidente da Emirates, a fabricante levará de dois a três anos para regularizar o ritmo de entregas. Até lá, os A380 e 777-300ER ainda devem continuar a ser uma presença comum no hub da empresa em Dubai.