A companhia aérea Emirates Airlines está tentando cancelar o recebimento de cinco de suas oito últimas unidades do A380 encomendadas. A Airbus, por sua vez, tenta fazer a empresa recuar da decisão e alega que os aviões já estão sendo construídos, segundo pessoas não identificadas familiarizadas com a situação citadas pela agência Bloomberg.
A pandemia do novo coronavírus levou o setor aéreo a maior crise de sua história. A situação da Emirates é das mais sensíveis devido à sua dependência do A380, o maior avião de passageiros do mundo, mas que hoje sofre a dura realidade da demanda por transporte aéreo quase inexistente. A empresa aérea de Dubai é de longe o maior operador do “superjumbo”, com 115 aeronaves na frota.
Segundo o site Planesportter, três dos A380 derradeiros já foram construídos, enquanto as seções de asas e fuselagem dos demais aviões estão na linha de montagem final do modelo, em Toulouse, na França. Esses jatos, justamente com um exemplar destinado a All Nippon Airways do Japão, são os últimos aviões na lista de pedidos do programa da Airbus, que será encerrado em 2021.
Conforme divulgado anteriormente, a Emirates já está planejando acelerar a retirada de quase metade de seus A380. O CEO da companhia, Tim Clark, afirmou neste mês que espera uma demanda por viagens aérea “moderada” pelos próximos dois anos e admitiu que a carreira do avião de dois andares acabou. Atualmente, todos os modelos do tipo operados pela empresa estão no chão.
De acordo com o relatório anual de finanças da Emirates, o cancelamento dos últimos pedidos de A380 sem um acordo com a Airbus custaria à companhia até US$ 70 milhões por avião.
O jato de dois andares da Airbus é de longe o avião widebody proporcionalmente mais desativado pelo impacto da pandemia do Covid-19. Na semana passada, apenas quatro aeronaves seguiam em serviço. Esperando uma lenta recuperação do setor, a Air France anunciou nesta semana a retirada definitiva de todos os seus modelos do tipo, enquanto a Lufthansa confirmou a desativação de seis aparelhos.
A crise do coronavírus escancarou as dificuldades e o alto custo de se operar o A380, um avião comercial que em hipótese alguma pode voar com baixa ocupação e que já tinha seu futuro questionado antes mesmo da pandemia. Diante do contexto econômico atual e a lenta retomada do setor, não há mais justificativas para manter voando o maior avião de passageiros do mundo.