Maior operador do A380, a companhia aérea Emirates está planejando a aposentadoria da aeronave para a década de 2030. A empresa tem atualmente 110 aparelhos em serviço e pedidos por mais 14 unidades, que serão entregues até 2021, ano em que a Airbus vai encerrar a produção do maior avião de passageiros do mundo.
“Continuaremos a investir neles (os A380) e voaremos com eles até meados dos anos 2030”, disse Tim Clark, presidente da Emirates, em entrevista ao Air Transport World.
No início deste ano, a companhia aérea de Dubai cancelou 39 pedidos pelo A380. As encomendas da companhia aérea de Dubai eram o que ainda mantinha vivo o programa da Airbus, que caminha para seus últimos suspiros em ritmo melancólico.
Além dos enormes custos exigidos para operar o A380, a Emirates vem anotando seguidas baixas em seus lucros na última década por conta da queda na demanda. O modelo de operações da companhia, que concentra seus passageiros no hub em Dubai, vem perdendo força entre os consumidores, que cada vez mais estão preferindo viagens sem escala.
Em fevereiro deste ano, quando reduziu seu pedidos de A380, a Emirates anunciou a compra de aeronaves menores e mais eficientes. A empresa encomendou 40 jatos A330-900 e 30 modelos A350-900 da Airbus, com entregas programadas para começar em 2021.
Com um consumo de combustível significativamente inferior ao do A380 e com maior autonomia, o novo A330 e o A350 abrem novas possibilidade de destinos para a Emirates que antes não eram viáveis com o A380. Os jatos mais recentes da Airbus podem voar por mais de 15.000 km, enquanto o “superjumbo” tem alcance limitado em 14.800 km.
A estratégia da Emirates de adquirir mais aeronaves é considerada ousada e ao mesmo tempo arriscada. No ano passado, o volume de passageiros transportados pela empresa subiu apenas 0,2%, enquanto sua capacidade cresceu 4%. O presidente da companhia, porém, está otimista e disse que trocar os A380 por aeronaves mais eficientes é um ponto de partida óbvio.
Companhias começam a abandonar o A380
Desenvolvido com grandes expectativas, o Airbus A380 rapidamente se tornou um decepção. Os primeiros aviões que entraram em operação há apenas 12 anos com a companhia Singapore Airlines já estão sendo desmontados. Outras empresas também estão tomando medidas para remover a aeronave gigante de suas frotas.
No início deste ano, a Lufthansa anunciou a venda de seis A380 de volta à Airbus, alegando falta de rentabilidade com as aeronaves. Já a Air France vai cortar pela metade sua frota a partir de 2020 e manterá apenas cinco aparelhos em serviço.
A Qantas, da Austrália, cancelou seus pedidos finais pela aeronave em fevereiro deste ano, decidindo manter sua frota com apenas 12 aparelhos. A médio prazo, a empresa australiana já confirmou que vai trocar seus quadrirreatores pelo Boeing 787.
A Qatar Airways, um dos principais concorrentes da Emirates com um modelo de operação semelhante, vai trocar seus A380 pelo novo Boeing 777X a partir de 2024. A empresa aérea do Catar encomendou 60 unidades do novo 777, que é mais eficiente e tem maior autonomia.
Outro ponto que preocupa é o fato do mercado de segunda mão para o avião gigante da Airbus praticamente não existir, ao contrário do que acontece com o Boeing 747, que ganha sobrevida convertido para o segmento de carga.
Até hoje apenas um A380 usado ganhou um novo destino, com a empresa de wet-lease Hi-Fly, de Portugal. Portanto, é quase certo que todos os modelos tenham o mesmo destino em meados de 2030: virar sucata.
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