Coincidência ou não, após a declaração de Tim Clark, CEO da companhia, de que o “A380 está acabado”, a Emirates Airline passou a ser alvo de rumores sobre um corte maciço no número de aeronaves do maior jato de passageiros do mundo. Em artigo publicado no domingo, a Bloomberg revelou que os dirigentes da companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos consideram cortar cerca de 30.000 empregos e acelerar a aposentadoria do A380, do qual possui 115 unidades em sua frota.
Outras reportagens publicadas na sequência dão conta de que a Emirates pode retirar de serviço definitivamente cerca de 40% do jato da Airbus, o que seria equivalente a 46 aviões. Em resposta aos rumores, a Emirates Airline afirmou que “nenhum anúncio foi feito sobre demissões em massa na companhia aérea. Como qualquer empresa responsável faria, nossa equipe executiva orientou todos os departamentos a realizar uma revisão completa dos custos e dos recursos em relação às projeções de negócios, mesmo quando nos preparamos para a retomada gradual dos serviços“.
A possível revisão no tamanho da frota de A380 na Emirates faz crer que os oito aviões novos encomendados e ainda pendentes podem nunca ser entregues à companhia. Não faria sentido receber mais jatos quando a atual quantidade está acima da demanda, exceto se preferir trocá-los por alguns exemplares mais velhos.
O jato de dois andares da Airbus é de longe o avião widebody proporcionalmente mais desativado pelo impacto da pandemia do COVID-19. Na semana passada, apenas quatro aeronaves seguiam em serviço enquanto dezenas eram armazenadas pelas suas clientes.
Muitas dessas companhias aéreas já admitem que podem nunca mais voltar a voar com o gigantesco avião, que perdeu o pouco apelo que tinha diante de um cenário de baixa demanda. Mas a Emirates desistir do A380 é simbólico pelo fato de que a empresa foi responsável por manter o programa da Airbus vivo enquanto muitas concorrentes reviam ou desistiam de seus pedidos.
Embora a crise causada pelo vírus seja global e atinja todas as companhias aéreas, a Emirates deve ser afetada drasticamente pela queda no tráfego aéreo internacional, que responde por praticamente todo o seu mercado.
Se esse cenário se confirmar, resta saber se o voo entre Dubai e São Paulo, única rota que utiliza o A380 na América do Sul, permanecerá com a aeronave ou se voltará a ser realizado com os Boeing 777-300ER.
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