Enquanto muitos consideram que o Airbus A380 está com os dias contados na aviação comercial, a Emirates Airline, maior operador da aeronave, pretende manter seus aparelhos em serviço por pelo menos mais uma década, segundo o presidente da companhia aérea de Dubai, Tim Clark.
Em entrevista ao Business Insider, o executivo afirmou que a empresa vai manter seus superjumbos em serviço até quando for possível. “Esperamos vê-los voando por pelo menos mais 10 anos”, disse ele. “Infelizmente, não está sendo produzido. Portanto, não há nada que possamos fazer sobre isso. Vamos continuar o quanto pudermos.”
Devido a pandemia da COVID-19 e restrições de viagens impostas no mundo todo, os A380 da Emirates foram aterrados em março e somente no último dia 15 de julho a empresa retomou as operações com a aeronave, mas em ritmo bastante reduzido. Das mais de 50 rotas em que o jato era empregado, ele agora está de volta em somente duas delas: os voos de Dubai para Londres e Paris.
Para a Emirates, no entanto, o A380 tem sido a aeronave perfeita. À medida que outras companhias aéreas vem preferindo aviões menores e mais eficientes, a empresa de Dubai transformou o gigante da Airbus em seu maior símbolo, criando um sistema global de transporte aéreo de longo alcance e alto luxo baseado no hub em Dubai. A companhia árabe é disparado o maior operador do modelo, com 115 aeronaves na frota. Em seguida aparece a Singapore Airlines, com 19 exemplares.
“Ele (o A380) nos definiu, em muitos aspectos”, disse Tim Clark. “Gastamos uma quantia excessiva em produtos, tanto em voo quanto em terra, e isso realmente valeu a pena.”
Avião insubstituível
No longo prazo, a Emirates vai trocar seus A380 por aeronaves mais eficientes, que inclusive já estão encomendadas. No ano passado, a companhia fechou um acordo com a Boeing para adquirir 115 jatos widebody, entre eles o novo 777-9X, o maior avião comercial bimotor da história.
Apesar dos avanços tecnológicos e de eficiência do novo avião da Boeing, Clark disse nada é capaz de alcançar o prestígio que os passageiros têm pelo A380. “Teremos alguns produtos muito bons no 9X”, disse Clark. “Mas, para ser sincero, nada será tão bom (como o A380).”
O presidente da Emirates ainda acrescentou: “(o A380) é palaciano. E as pessoas absolutamente adoram isso. Elas ainda vão se esforçar para entrar no A380”.
A Emirates ainda tem nove jatos A380 encomendados, os últimos na lista de pedidos da Airbus, que encerrará a produção da aeronave em 2021 com 251 unidades concluídas.
Com preço unitário em torno de US$ 445 milhões e capacidade para transportar até 800 passageiros, o avião de dois andares produzido pela Airbus tem um custo operacional exorbitante, estimado em mais de US$ 30.000 por hora de voo. É um avião que em hipótese alguma pode voar com poucos passageiros, caso o contrário o prejuízo é enorme.
Por conta de seu elevado custo operacional, o A380 é um avião que vem sendo questionado desde a sua estreia no mercado, em 2007, e em pouco tempo algumas unidades já ficaram pelo caminho e foram transformadas em sucata. A pandemia tornou essa dificuldade ainda mais latente e praticamente todos os aparelhos foram aterrados nos últimos meses e muitos deles nunca mais devem decolar com passageiros, como é o caso dos modelos da Air France, que no mês passado anunciou a retirada imediata de seus superjumbos e se tornou o primeiro ex-cliente do jato.
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