Companhias aéreas mudam de opinião a respeito de seus planos de frota com frequência, porém, o caso da Braathens Regional Airways (BRA) é bastante curioso. A empresa sueca confirmou nesta semana que desistiu de uma encomenda de 10 jatos A220-100 após seu pedido sumir da lista de encomendas da Airbus. Em seu lugar, a BRA afirmou que fará a partir de abril o “wet-lease” de cinco E190, da Embraer, que pertencem à empresa alemã WDL – nessa modalidade, o arrendador providencia todo o serviço em conjunto com as aeronaves.
Os motivos apontados pela Braathens chamam a atenção. Segundo a empresa afirmou ao Flight Global, o cancelamento do pedido ocorreu há mais de um ano quando constatou que o mercado de aviação na Suécia e também sua moeda haviam sofrido uma queda. Além disso, o aumento do preço dos combustíveis, aliado aos impostos mais elevados selaram o destino dos aviões da Airbus, a despeito da sua comprovada eficiência.
Para culminar com a decisão de abrir mão do A220, a companhia aérea também apontou o efeito negativo do transporte aéreo como poluidor, um debate acalorado na fria nação, não por acaso local de nascimento de Greta Thunberg, a jovem e barulhenta ativista ambiental que tem ocupado com frequência as manchetes da imprensa nos últimos meses.
Por isso, a BRA preferiu focar em sua frota de turbo-hélices ATR 72, dos quais possui 14 unidades e está prestes a receber mais quatro aviões, da versão -600. A empresa também está prestes a aposentar o jato britânico Avro RJ neste trimestre, que serão substituídos pelos aviões da Embraer nas rotas mais longas. A Braathens também faz o leasing do turbo-hélce Fokker 50 nos mesmos moldes do contrato do E190.
Cliente lançadora
A Braathens Regional Airways foi fundada em 1976 como Golden Air, mas só passou a atuar na aviação comercial em 1993. Em 2012, foi adquirida pelo grupo norueguês Braathens Aviation, que a uniu à Sverigeflyg e Malmö Aviation em 2016, formando a atual companhia. Foi a Malmö, inclusive, a cliente original do CSeries após uma encomenda fechada em 2011 que previa a entrega de cinco jatos da versão CS100 e cinco da versão maior CS300.
Até 2014, a Malmö era considerada a cliente lançadora do jato da Bombardier, mas abriu mão do privilégio em favor da Swiss, que acabou sendo a primeira companhia a voar com o avião. Em 2018, após a Airbus assumir o programa, sua encomenda foi alterada para dez unidades do A220-100, a menor versão.
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Agora é Boeing não ex-braer.
Um cliente lançador tem algum tipo de privilégio real com os fabricantes de aviões ou apenas será será lembrado por ter sido o primeiro cliente?