No panteão de aeronaves de formas mais estranhas já criadas, o OV-10 Bronco é um dos destaques. O turboélice bimotor desenvolvido pela North American nos anos 60 surgiu como uma aeronave de reconhecimento e observação, mas com capacidade de ataque.
Para executar várias missões, a aeronave foi configurada com motores instalados em “lanças” que eram ligadas pelo estabilizador horizontal central. Sua cabine de comando possuía assentos em sequência e um canopy mais largo que a fuselagem e que permitia que os tripulantes pudessem observar o solo por sua laterais.
Se o resultado estético foi duvidoso, sua capacidade não e logo o Bronco passou a ser usado pela Força Aérea, Exército e Marinha dos EUA. Após 20 anos, o incomum avião encerrou sua produção com 360 unidades concluídas em 1986. Agora, quase 35 anos depois, uma empresa canadense pretende oferecer no mercado militar uma aeronave inspirada no Bronco, a Icarus Aerospace.
Quase um caça
Revelado oficialmente no dia 10, a nova aeronave foi batizada com a sigla TAV (Tactical Air Vehicle, ou Veículo Aéreo Tático) e foi considerada pela Icarus um projeto “100% novo”, mas basta uma rápida observação para enxergar nítidas semelhanças com o Bronco.
O TAV, exibe a mesma configuração de fuselagem e suportes dos motores fixados nas asas, mas tem a cabine de comando de dois assentos em tandem com canopy mais estreito. O turboélice bimotor também exibe uma lança de reabastecimento aéreo e motores de 1.700 shp com hélices de cinco pás.
Em seu site, a Icarus afirma que o TAV poderá cumprir 90% das missões de um caça por um custo de apenas 15% comparado a ele. Assim como o Bronco, o avião canadense promete ser confiável e versátil, mas também capaz de receber tecnologia de ponta como um radar AESA 360º, uma solução plug-and-play para equipamentos, sistemas e armamentos e até a possibilidade de uma versão de pilotagem autônoma.
A Icarus também divulgou uma variante de ataque chamada de Wasp e que pode transportar até 3.620 kg em 11 pontos duros externos. A variedade de armamentos inclui torpedos, foguetes anti-navio, munição guiada por GPS ou laser, sonoboias e mísseis ar-ar.
O desempenho do turboélice prevê uma velocidade máxima operacional de 660 km/h, teto de serviço de 10.970 m, e carga G de +8/-4. Sua operação em pistas é do tipo STOL (Short Take off and Landing, ou decolagem e pouso curto) e a autonomia sem reabastecimento de 6,5 horas.
Aviões adaptados
A proposta da Icarus pode ser bem sucedida se conseguir comprovar sua capacidade. Missões de ataque leve, observação e reconhecimento atualmente são executadas por aeronaves adaptadas como os treinadores avançados Beechcraft AT-6 Wolverine e o Embraer A-29 Super Tucano, sem falar em aviões agrícolas reconfigurados.
Ou seja, uma aeronave dedicada para esse mercado poderia sair em vantagem em futuras concorrências. Se depender da inspiração no velho e confiável Bronco, o TAV pode se dar bem.
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