Já utilizadas em motores de automóveis, as células de hidrogênio em breve também podem ganhar os céus. É o que propõe a companhia HES Energy Systems, de Cingapura, que anunciou nesta terça-feira (2) que pretende lançar na próxima década o Element One, a primeira aeronave de passageiros do mundo movida a hidrogênio e eletricidade.
A empresa cingapuriana vem desenvolvendo nos últimos 12 anos sistemas de propulsão a hidrogênio para pequenas aeronaves não tripuladas. Como explica a HES, essa tecnologia pode criar uma nova forma de mobilidade aérea, com aviões silenciosos, não poluentes e com baixos custos operacionais. O primeiro protótipo está programado para voar em 2025, anunciou a companhia.
De acordo com a companhia, o Element One (“Primeiro Elemento”, em referência ao hidrogênio, o primeiro elemento químico na tabela periódica) é projetado para transportar quatro passageiros por 500 km a 5.000 km, dependendo de como o hidrogênio é armazenado, em forma gasosa ou líquida. A HES afirma que essa tecnologia apresenta um desempenho superior ao de sistemas que usam baterias convencionais.
“Agora é possível ultrapassar os limites de resistência do voo elétrico da bateria usando o armazenamento de energia de hidrogênio ultraleve da HES em um arranjo de propulsão distribuída”, diz Taras Wankewycz, fundador da HES. “O design da Element One abre o caminho para o hidrogênio como combustível renovável de longo prazo para a aviação elétrica.”
Além de desenvolver a aeronave, a empresa cingapuriana também trabalha no método de reabastecimento do Element One, que não levará mais de 10 minutos. O plano da HES prevê o uso de um sistema automatizado para trocar os tanques de hidrogênio entre os intervalos que o avião permanece em solo.
Outra parte importante do projeto é a geração de hidrogênio. Para isso a companhia estuda soluções que utilizam energia eólica e solar para produzir o combustível nos próprios aeroportos onde o avião atuar.
O modelo de negócios do Element One também já começou a ser traçado. A HES trabalha em parceria com a Wingly, startup francesa que oferece serviços de compartilhamento de voos para viagens descentralizadas e regionais.
“Existe uma tremenda necessidade de transporte inter-regional entre cidade secundárias”, afirmou Emeric de Waziers, CEO da Wingly. “Combinando aeronaves livres de emissões, como o Element One, plataformas baseadas em comunidades digitais como a Wingly e a rede alta densidade de aeródromos existe, podemos mudar esse paradigma. Só na França existe uma rede com mais de 450 campos de aviação, mas apenas 10% deles são ligados por companhias aéreas regulares. Nos simplesmente conectaremos os 90% restantes.”
Como funciona?
Quem se lembra das aulas de química dos tempos da escola pode ter alguma noção de como funcionam os motores do Element One. O processo consiste basicamente na transformação de energia química em energia elétrica a partir de um fenômeno chamado “eletrólise” – troca de prótons que acontece na reação de oxidação entre o hidrogênio e o oxigênio. Como resultado, é obtido eletricidade sem gerar emissões poluentes, apenas vapor d’água.
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