Oficialmente, a Boeing afirma ter entregado 157 aeronaves comerciais em 2020 ante 566 aviões da Airbus, mas analisando os dados é possível afirmar que a diferença entre as duas fabricantes foi maior. O motivo é que a empresa dos EUA inclui jatos militares em seus totais, algo que a rival europeia também faz, mas em menor grau.
No ano passado, a Boeing entregou onze Boeing 767-200, na verdade o KC-46, adotado pela Força Aérea dos EUA como aeronave de reabastecimento aéreo. Além dele, a fabricante também incluiu 14 Boeing 737-800, mas nesse caso se tratam de aeronaves de patrulha marítima P-8 Poseidon, para as marinhas dos EUA e Reino Unido.
Sem esses 25 aviões e um executivo BBJ, o total de aeronaves comerciais entregues pela Boeing cai para 131 unidades, 35 delas enviada aos clientes em dezembro, mês em que o 737 MAX voltou a ser entregue.
No caso da Airbus, a revisão dos dados aponta que foram entregues de fato 560 jatos em 2020. Os seis aviões restantes foram um A350-900 recebido pela Lufthansa Technik, mas que está sendo usado como aeronave presidencial do governo alemão, e cinco cargueiros MRTT, versão militar do A330-200. Ou seja, a diferença entre as duas empresas em 2020 foi de 429 aeronaves em vez de 409 unidades.
A volta do 737 MAX
A grosso modo, a Airbus teve um desempenho ainda mais avassalador em relação à Boeing se considerarmos apenas os jatos de passageiros. Isso porque a empresa dos EUA oferece versões cargueiras de alguns de seus modelos, algo que a empresa sediada em Toulouse ainda não faz.
As entregas de aviões cargueiros representaram um terço do total de aviões enviados pela Boeing aos seus clientes ou 46 unidades, entre modelos 767-300F, 777F e 747-8F. Essas aeronaves tiveram um impulso no mercado por conta do crescimento na demanda da carga aérea, estimulada pela pandemia. Se levarmos em conta apenas os aviões de passageiros, a Boeing entregou 85 unidades enquanto a Airbus manteve as 560 unidades, ou 660% a mais.
Airbus | Unidades |
---|---|
A220-100 | 10 |
A220-300 | 28 |
A319ceo | 3 |
A320ceo | 3 |
A321ceo | 9 |
A320neo | 253 |
A321neo | 178 |
A330-200 | 0 |
A330-300 | 1 |
A330-800 | 3 |
A330-900 | 10 |
A350-900 | 44 |
A350-1000 | 14 |
A380 | 4 |
Total | 560 |
A fabricante europeia, como era de se esperar, superou a Boeing em quase todos os critérios, sobretudo porque a rival se viu proibida de entregar o 737 MAX por onze meses em 2020 e também passou por problemas de qualidade com o 787, aeronave que mais teve entregas no ano passado (53 aviões). Mas em matéria de widebodies, os norte-americanos se saíram melhor, com 103 jatos contra 76 da Airbus.
O gráfico de entregas mês a mês também mostra que a Boeing demorou mais tempo para recuperar um ritmo de entregas mais volumoso, algo que só conseguiu em dezembro, quando pode enviar 26 737 MAX para seus clientes. A Airbus, que entregou 88 aviões no último mês de 2020, também registrou seu melhor resultado no ano, mas a empresa pode retomar as entregas progressivamente desde abril.
Boeing | Unidades |
---|---|
737 MAX | 26 |
737-800 | 2 |
747-8F | 5 |
767-300F | 22 |
777-300ER | 4 |
777F | 19 |
787-10 | 10 |
787-8 | 5 |
787-9 | 38 |
Total | 131 |
Entregas por categorias
Apenas considerando aviões configurados com assentos, a Airbus liderou em todas as categorias, com exceção da faixa entre 240 e 300 assentos, onde a Boeing conseguiu um melhor resultado com o 787-8 e 787-9. A companhia europeia tem perdido de longe com a nova geração do A330neo, que não conquistou muitos clientes. Por sua vez, o A350-900 teve 44 entregas contra apenas 10 do 787-10.
Em outras categorias, a situação foi bem mais favorável a Airbus. Nos aviões de até 150 lugares, a empresa não tem concorrente para o A220 enquanto que o aterramento do 737 MAX deu larga vantagem ao A320 e A321, com 443 entregas contra apenas 28 da Boeing.
Categorias | Boeing | Un. | Un. | Airbus |
---|---|---|---|---|
até 150 lugares | – | 0 | 41 | A220/A319 |
150-240 lugares | 737NG/MAX | 28 | 443 | A320/A321 |
240-300 lugares | 787-8/-9 | 43 | 14 | A330 |
300-350 lugares | 787-10 | 10 | 44 | A350-900 |
350+ lugares | 77W | 4 | 18 | A350-1000/A380 |
Total | 85 | 560 | Total |
Na categoria acima de 350 assentos, a Boeing teve apenas quatro entregas do 777-300ER enquanto a Airbus enviou aos seus clientes 14 A350-1000 e quatro A380, o maior avião de passageiros do mundo e prestes a sair de linha.
O cenário deverá mudar em 2021 certamente, sobretudo porque a Boeing tem cerca de 400 jatos 737 MAX prontos para entrega, compensando o longo período em que estiveram proibidos de voar. É altamente provável que a Airbus volte a liderar neste ano, mas a diferença será mais branda, se não houver surpresas desagradáveis.
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