Visitante mais ilustre do Dubai Airshow, o gigante 777X, maior jato comercial bimotor da história, fez sua primeira aparição num evento internacional nesta semana. E junto com ele havia a expectativa que a Boeing lançaria o aguardado 777XF, variante cargueira da aeronave.
No entanto, a Boeing frustrou os mais esperançosos ao considerar que a versão não é prioridade no momento. O foco agora é certificar o 777-9, variante com capacidade para 426 passageiros e que responde pela maior parte das encomendas até aqui.
A nova geração do 777 deveria ter iniciado sua carreira comercial em 2019, mas o programa atrasou, afetado por problemas técnicos e também pela pandemia. Mesmo assim, a Boeing acredita que conseguirá concluir sua certificação junto à FAA em 2023, abrindo caminho para as primeiras entregas dentro de dois anos.
Quanto ao 777XF, ele é altamente provável, segundo deu a entender Ihssane Mounir, vice-presidente sênior da Boeing Commercial Airplanes, durante o evento. “Estamos em discussões avançadas com vários clientes e o avião parece bom do ponto de vista de design e requisitos”, disse a jornalistas.
A Boeing ainda tem outra tarefa a curto prazo, definir o futuro do 777-8, a versão menor do jato e que oferece em contrapartida a maior autonomia. Ela tem poucos clientes, entre eles a Emirates, companhia aérea que tem sido bastante crítica a respeito do desenvolvimento da aeronave.
Preferência pelo A350F
Durante o Dubai Airshow, o sempre franco Steven Udvar-Hazy, chefão da Air Lease Corporation (ALC), confirmou que a Boeing tentou vender o 777XF para a empresa de leasing, prometendo a aeronave entregue por volta de 2028.
Udvar-Hazy, no entanto, preferiu dar ouvidos a alguns clientes da empresa e acabou optando pelo Airbus A350F, concorrente direto do 777 e que foi lançado justamente em Dubai com o pedido de sete aviões feito pela ALC.
Apesar disso, a fabricante dos EUA se disse otimista quanto ao futuro do 777X, apontando como motivos a aposentadoria de antigos quadrimotores e o fato de que o atual momento de retomada na aviação comercial faz a Boeing ganhar tempo para desenvolver seu avião da melhor forma possível.
Ao mesmo tempo, o mercado de carga aérea vive um boom causado pelo aumento do e-commerce e a Boeing sempre esteve bem posicionada nesse segmento, com uma linha de aviões bastante ampla comparada a da Airbus. Mas a chegada do A350F à frente do 777XF é um sinal preocupante para a já bastante atarefada companhia sediada em Chicago.