“Estrela” do Golfo Pérsico, Etihad Airways vê futuro em risco

Com prejuízo bilionário, companhia aérea de Abu Dhabi reduz encomendas de aviões e vira alvo da rival Emirates
Airbus A380 da Etihad Airways
Airbus A380 da Etihad Airways
Airbus A380 da Etihad Airways
Airbus A380 da Etihad Airways: companhia está encolhendo para suportar perdas nos últimos anos (Airbus)

O avanço das companhias aéreas do Oriente Médio sobre o mercado mundial foi avassalador nos últimos anos. Com hubs bem localizados e uma estratégia de unir o luxo a preços competitivos, Emirates, Qatar e Etihad têm incomodado tradicionais empresas aéreas, mas ao menos uma delas já não vive uma fase tão exuberante há algum tempo. A Etihad, de Abu Dhabi, acumula dívidas e já revê algumas encomendas de aviões a fim de melhorar seu caixa.

Para completar o cenário ruim, a companhia é alvo de rumores sobre uma possível fusão com a Emirates em que, obviamente, a rival de Dubai praticamente a engoliria. Para buscar uma saída para sua crise, a Etihad elegeu um novo presidente no início deste ano e que tem focado seu trabalho em voltar ao azul após um prejuízo de quase US$ 2 bilhões em 2016 e de US$ 1,5 bilhão no ano passado. Tony Douglas, o novo CEO, diz buscar um crescimento mais sustentável daqui em diante, em contraste com a expansão veloz do passado.

Os problemas da Etihad começaram assim que a companhia buscou criar uma aliança global própria, mas duas das suas “parceiras” e onde havia investido dinheiro quebraram. A Air Berlin desapareceu no ano passado e a Alitalia entrou em concordata, tendo sua operação assumida pelo governo italiano.

A mais recente má notícia foi revelada pela agência Reuters nesta semana: a companhia estaria abrindo mão da encomenda de 25 jatos de nova geração 777X, da Boeing, parte de um investimento maciço em 160 novas aeronaves não só da fabricante americana como também da Airbus.

Contraste

Hoje a frota da Etihad consiste de 112 aviões, 10 deles do gigante A380, mas ela chegou a passar de 120 unidades recentemente quando ainda operava o quadrirreator A340. Os destinos atendidos também foram reduzidos, incluindo aí um voo diário entre Abu Dhabi e São Paulo, encerrado em março do ano passado.

Curiosamente foi nessa mesma época que a rival Emirates lançou o A380 na rota Dubai-São Paulo, uma prova de que o trecho possuía demanda e não era afetado pela crise econômica brasileira, como a Etihad alegou na época – um segundo voo da Emirates passará a atender a capital paulista em breve, inclusive.

Por falar em Emirates, têm crescido os rumores de uma possível fusão entre as duas companhias, ambas de propriedades das famílias reais dos Emirados Árabes Unidos. Em recente entrevista, o presidente da Emirates, Tim Clark, disse à Bloomberg que a decisão sobre o negócio estaria nas mãos dos sócios, mas que não via isso se transformar realidade a médio prazo.

Fato é que as duas companhias aéreas têm conversado sobre possíveis sinergias capazes de reduzir seus custos de operação. A diferença é que a Emirates continua crescendo e lucrando.

Veja também: Emirates anuncia pedido firme por 20 Airbus A380

Airbus A340-600 da Etihad (foto: Mehdi Nazarinia)
Airbus A340-600 da Etihad: gastão, quadrirreator foi retirado de serviço (Mehdi Nazarinia)

Total
0
Shares
2 comments
  1. Um amigo trabalhava na Etihad aqui em Sao Paulo na sede da empresa, foi mandado embora. Ele me disse que a taxa de ocupação do voo Sao Paulo Abu Dhabi era de mais de 80% todos os dias,
    O voo foi cancelado por razoes internas agora escancarada.

  2. É óbvio que o super luxo tem um super preço a ser pago. Quem em sua ‘sã riqueza’ pagará quase ( ou isso ) $100 mil dólares para voar na primeira classe de um avião comercial, quando na verdade pode-se pagar o mesmo para voar em um jato particular ao seu dispor para cumprir a mesma viagem e mais, com privacidade total? Manter chefes renomados a bordo de cada voo para satisfazer o ego hedonista dos clientes da first em cada voo é algo de cifras faraônicas. E a competição de quem compra mais wide-bodies…para que isso? É irônico, mas os prejuízos das gigantes árabes são ocultados meio que de forma descarada. Cias americanas, européias e chinesas são as que possuem os maiores públicos para qualquer afins e mesmo assim, não exageram, pois a aviação comercial despenca dos bilhões para os milhões por causa até dos ventos ( zoeira ). Singapore Airlines, Qantas, ANA, Lufthansa fazem dos seus serviços algo inesquecível ( e no melhor sentido ) aos seus clientes e não precisam jogar dourado cafona em tudo. Redução da frota, cancelamento de encomendas, exclusão de rotas, minimizar itens de super luxo, descartar alguns serviços onde era patrocinadora…poxa, vai dar um trabalho se redesenhar.

Comments are closed.

Previous Post
O 300° caça F-35 foi entregue à força aérea dos EUA (Lockheed Martin)

Lockheed Martin entrega 300° caça F-35

Next Post

Justiça libera leilão de antiga divisão da Varig no México

Related Posts
Total
0
Share