EUA incluem a COMAC em lista de “empresas militares chinesas”

Fabricante de aviões comerciais será proibida de receber componentes de fornecedores dos EUA, e que são a base de projetos como o jato C919
O C919 vai concorrer com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737 (CCTV)
Certificado para voos comerciais: o projeto do C919 foi iniciado em 2008 (CCTV)

Em seus últimos dias na Casa Branca, o presidente Donald Trump decidiu incluir a COMAC na lista negra de “empresas militares chinesas”, o que a impede de receber investimentos dos EUA. Fabricante dos jatos comerciais ARJ21 e C919, a COMAC em tese não desenvolve nenhum produto militar, mas segundo o governo dos EUA, ela faz parte de uma estratégia de Pequim para utilizar corporações civis a fim de obter tecnologia do Ocidente para fins militares.

A acusação não é nova afinal a COMAC já foi alvo de investigações de espionagem e engenharia reversa por conta do motor turbofan LEAP, que equipa o C919, e estaria sendo utilizado no desenvolvimento do CJ-1000AX, um motor da fabricante chinesa AECC. Em fevereiro de 2020, Trump já havia afirmado que o governo dos EUA poderia proibir a Honeywell de fornecer aviônicos para os aviões da COMAC, além dos motores da CFM, uma sociedade entre e a americana GE e a Safran, da França.

Dependência do Ocidente

Embora o C919 e o ARJ21 sejam aeronaves mais voltadas ao mercado de aviação chinês, a possível interrupção do fornecimento de componentes ocidentais coloca os dois programas em xeque. Por mais que a China esteja avançando na cadeia de fornecimento da indústria aeroespacial, o país ainda carece de componentes confiáveis.

O C919, por exemplo, é extremamente dependente de fornecedores externos como a Parker Aerospace (Sistema de controle de voo e de combustível), radar meteorológico (Rockwell Collins), Pneus (Michelin), sistema anti-gelo das asas (Liebherr), reversores dos motores (Aircelle) e até a caixa-preta (GE).

Segundo nota, o Departamento de Defesa dos EUA “está determinado a destacar e contrariar a estratégia de desenvolvimento da Fusão Militar-Civil da República Popular da China (RPC), que apoia os objetivos de modernização do Exército de Libertação do Povo (ELP), garantindo seu acesso a tecnologias avançadas e conhecimentos adquiridos e desenvolvidos até mesmo por empresas, universidades e programas de pesquisa que parecem ser entidades civis”.

As empresas dos EUA terão até novembro para encerrarem qualquer tipo de cooperação com a COMAC. A fabricante havia sido omitida em outra lista de banimento em dezembro e que incluiu as demais fabricantes de aeronaves chinesas e que atuam no mercado de defesa.

Os fornecedores do C919: empresas ocidentais dão suporte ao jato chinês

Veja também: COMAC estima entregar mil jatos widebody CR929 até 2045

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  1. O efeito colateral dessa decisão é que todos estes componentes serão a desenvolvidos na China e em uma década os componentes Chineses irão competir com as empresas ocidentais. Ou pior, pode ser que os Chineses simplesmente comprem os fornecedores médio e pequeno porte, como eles fizeram com a fabricante alemã Kuka, quando precisaram comprar robôs em quantidade e não foram atendidos pelas empresas ocidentais.

  2. Os EUA não aguentam e não querem concorrência.
    Estão incluindo tudo que os afeta economicamente. A Huawei,recentemente a Xiomi (que ultrapassou a Apple) e agora a Comac.
    Esperem por retaliações por parte de Pequim e eu espero que sejam bem duras. Chega de palhaçada e ditadura americana.

  3. Um erro grave, pois no gráfico, mostra o tanto de peças dos EUA.
    Assim, os chineses correm pra desenvolver peças locais e que num futuro a médio prazo, serão melhores e mais competitivos do que dos EUA.
    Tomara que o Biden reveja isso.

  4. Cristiano, ditadura americana? A chinesa é uma concorrente democrata, é isto? Acho exatamente o contrario! De uma forma ou outra o que a China quer é destruir recriminar qualquer mercado concorrente. Assim fez no passado o Japão que importava carros r outros produtos, copiava e produzia mais barato.
    O mesmo faz a China com mão de obra semi escrava, forte estímulo estatal e concorrência desleal.

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