EUA podem ter usado “bomba ninja” para matar o líder da Al Qaeda

Artefato supostamente usado em ataque no Afeganistão a Ayman al-Zawahiri, sucessor de Osama bin Laden, pode ser uma versão do míssil Hellfire modificado para disparar lâminas contra o alvo
A suposta disposição das lâminas do míssil Hellfire AGM-114R9X

Procurado há anos pelo serviço secreto dos Estados Unidos, Ayman al-Zawahiri, líder da organização fundamentalista islâmica Al Qaeda e considerado um dos mentores do ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, foi morto na varanda de sua casa em Cabul, no Afeganistão, no último domingo (31/7), após um ataque executado por um drone MQ-1 Predator.

Ao confirmar a morte de al-Zawahiri, o presidente dos EUA, Joe Biden, relatou que nenhuma vítima civil foi atingida pela ofensiva conduzida por dois mísseis ar-terra, algo raro em missões de assassinatos direcionados por Washington. Imagens da residência do líder da Al Qaeda, sem vestígios de uma explosão, levantaram a suspeita de que o ataque possa ter sido realizado com mísseis Hellfire R9X, um armamento ainda pouco conhecido mas que já acumula uma fama um tanto macabra.

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Apelidado jocosamente de “bomba ninja” ou “Ginsu voador” (em referências às afiadas facas japonesas), o Hellfire R9X, segundo relatos da mídia dos EUA e evidências deixadas em ataques anteriores, é um artefato não explosivo. Em vez disso, o dispositivo literalmente fatia e esmaga suas vítimas por meio de um sistema rotativo com seis lâminas.

De acordo com o Wall Street Journal (WSJ), essa versão diferenciada do míssil Hellfire, um dos mais letais do arsenal estadunidense, foi um pedido do ex-presidente do EUA, Barack Obama, que estaria incomodado com o elevado número de mortes de civis em ataques aéreos em zonas de conflito.

O ataque que matou Ayman al-Zawahiri no Afeganistão foi conduzido por um drone MQ-1 Predator (USAF)

A versão R9X do AGM-114 Hellfire é utilizada somente em circunstâncias específicas, principalmente quando o alvo e sua localização exata são identificados com antecedência. Avaliado em cerca de US$ 150 mil por unidade, o míssil com lâminas é uma arma destinada a limitar os efeitos colaterais (no caso, mortes de inocentes) ao redor do objetivo a ser eliminado. Segundo o WSJ, o dispositivo começou a ser desenvolvido por volta de 2011, mas sua existência foi confirmada oficialmente somente em 2019.

Há relatos de que o Hellfire R9X já foi utilizado ao menos uma dúzia de vezes, em ações na Líbia, Síria, Iraque, Iêmen e na Somália, para eliminar líderes da Al Qaeda e do Talibã. O Pentágono e a CIA, as agências responsáveis por operações de assassinatos, porém, nunca admitiram o uso do míssil fatiador de pessoas.

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