A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) confirmou nesta semana que utilizou dois bombardeiros “invisíveis” B-2 Spirit para atacar posições do grupo terrorista Estado Islâmico na Líbia, em Sirte, cerca de de 50 km da capital Trípoli. A ação, porém, foi questionada pela imprensa norte-americana, uma vez que essas aeronaves, de custos operacionais exorbitantes, foram desenvolvidas para bombardear alvos extremamente bem defendidos, e não insurgentes sem dispositivos de defesa aérea.
Segundo a USAF, as aeronaves lançaram 108 bombas de precisão contra os jihadistas. Estima-se que o ataque matou 85 terroristas. O bombardeiro ainda foi complementado por aeronaves não-tripuladas, com mísseis Hellfire. Mas por que os EUA empregaram meios tão avançados para atacar alvos teoricamente tão simples?
Segundo o AviationWeek, o custo operacional por hora de voo do B-2 custa algo em torno de US$ 128.800 (cerca de R$ 411 mil). As aeronaves empregadas no ataque sobre o território da Líbia decolaram da base aérea de Whiteman, no Missouri, na região central dos EUA, e precisaram de pelo menos cinco reabastecimentos aéreos para alcançar o objetivo e retornar. A missão “sem paradas” durou cerca de 30 horas.
Meios de comunicação norte-americanos relatam que a operação foi uma “mensagem” de Washington ao general líbio “pró-Rússia” Khalifa Haftar, que luta contra o governo de Trípoli, por sua vez apoiado pelos EUA e a ONU. Outras fontes afirmam que o ataque foi uma demonstração da capacidade do B-2 aos governos da Rússia e China.
Outra possibilidade apontada pela imprensa dos EUA foi de que a USAF aproveitou o orçamento direcionado aos B-2 para manter o treinamento das tripulações em dia, acumulado em missões de treinamento ou em operações reais. Se houvesse uma quantidade considerável de estruturas terroristas a serem atacadas e uma tripulação que precisasse de horas de voo, o B-2 poderia ter sido alocado para a operação sem grandes impactos orçamentais.
A USAF, por sua vez, justificou o ataque afirmando que os terroristas atingidos planejavam ataques em países na Europa.
Avião de dois bilhões de dólares
O B-2 Spirit, projetado pela Northrop Grumman, é considerado o bombardeiro mais avançado da atualidade. A aeronave, que não é detectada por radares e pode transportar armas nucleares, foi desenvolvida no final da Guerra Fria com o objetivo de atacar a antiga União Soviética de forma “furtiva” (“Stealth”, no termo em inglês), enganando os sistemas de defesa avançado que o país possuía na época. Cada aparelho desse tipo é avaliado em US$ 2 bilhões. A USAF tem à disposição 20 bombardeiros B-2.
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