A expectativa de uma estreia em grande estilo ficaram pelo caminho, apesar da festa realizada pela Embraer na estreia da Eve Holding na Bolsa de Valores de Nova York.
A fabricante brasileira levou para Wall Street até mesmo um simulador de eVTOL para marcar o momento importante, em que a startup se uniu à Zanite, uma empresa de propósito específico dos EUA.
No entanto, as ações da nova companhia estrearam com queda de 23,5%, para US$ 8,66. O começo ruim não preocupou o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, que afirmou ao jornal Estadão acreditar que a Eve pode igualar o valor de mercado da sua principal acionista em um prazo de 10 anos – analistas chegaram a apontar que a nova empresa poderia superar esse valor em breve.
O ceticismo de investidores é explicado em parte pelo longo caminho que Mobilidade Aérea Urbana tem de percorrer até se transformar em um negócio potencialmente lucrativo.
Apesar de acumular 1.825 inteções de compra de seu modelo Eve-100, de quatro lugares, a Eve só deve estrear a operação da aeronave em 2026 – isso, claro, se diversas autoridades de aviação civil mundiais aprovarem o voo dos eVTOL – a FAA, dos EUA, já sinaliza que será preciso uma nova classe de certificação para aeronaves elétricas como essa.
Toda uma infraestrutura de suporte terá de ser desenvolvida e implantada para que os pequenos aviões elétricos possam operar de forma segura e eficiente.
Há ainda a questão da aceitação do novo modal de transporte aéreo, já que existem poucos protótipos e nenhuma operação de testes em funcionamento no mundo.
A desvalorização da Eve não é novidade no segmento. Outras startups semelhantes também têm sido vistas com desconfiança por enquanto.
A situação da Embraer, no entanto, preocupa porque até hoje nenhum protótipo em escala real surgiu. A Eve apenas testou modelos em escala menor, enquanto alguns concorrentes já voam há muito tempo com aeronaves de testes.
O co-CEO da Eve, Gerard DeMuro, disse ao Flight Global que a Eve não está preocupada em apresentar o primeiro Eve-100 em curto prazo. “Nós não temos pressa de ter um protótipo voando”, justificou ao explicar que a empresa prefere garantir a maturidade dos sistemas antes de construir uma aeronave em tamanho real.