À frente do Comando da Aeronáutica entre abril de 2021 e janeiro de 2023, o Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior teve uma gestão agitada, em que realizou cortes em programas ao mesmo tempo em que priorizou projetos como o caça Saab Gripen.
Uma das aquisições mais polêmicas foi a compra de dois jatos Airbus A330-200 com a intenção de transformá-los em aviões-tanque MRTT (Multirole Tanker Transport).
A FAB já buscava uma solução para ter um jato de transporte de longo alcance ao mesmo tempo em que pleiteava uma aeronave de reabastecimento aéreo em complemento ao KC-390.
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Licitações nesse sentido foram feitas em gestões anteriores, em que o Boeing 767 foi apontado como a solução mais viável, porém, acabaram canceladas.

Concorrência exclusiva para o Airbus A330
O cenário mudou em janeiro de 2021 quando o então presidente Jair Bolsonaro revelou que seu governo pretendia adquirir dois A330 usados.
Um ano depois, a FAB abriu uma concorrência para aquisição das aeronaves, já com Baptista Junior sob seu comando após Bolsonaro demitir o comandante anterior.
Um orçamento de US$ 80,6 milhões foi disponibilizado e um dos requerimentos era que os jatos tivessem no máximo 28 mil horas de voo e 4,2 mil ciclos, além de serem equipados com motores Rolls-Royce ou General Electric.
A licitação chamou a atenção por restringir o tipo de equipamento ao avião da Airbus. No mercado há ainda o Boeing KC-46 e o programa de conversão KC-767, feito pela israelense IAI.

O plano, no entanto, era primeiro comprar os dois A330 e então contratar a própria Airbus para convertê-los em aviões-tanque nas instalações da subsidiária Getafe, na Espanha.
O leilão só atraiu a holding que controla a Azul Linhas Aéreas, que vendeu duas aeronaves de terceiros, usadas por meio de leasing.
Batizados como KC-30, os jatos pousaram no Brasil já com a pintura da FAB em julho e outubro de 2022, mas ambos com o interior mantido como aeronave de passageiros.
Senior Advisor for Strategy
Com a eleição de Lula à presidência, Baptista Junior deixou o cargo no começo de 2023, mas em novembro daquele ano assumiu uma posição na Airbus.
Segundo seu perfil no Linkedin, o ex-comandante passou a ser Senior Advisor for Strategy (Consultor Sênior de Estratégia) da fabricante europeia.
O fato foi motivo de reportagem do site ICL Notícias, que considerou a movimentação “questionável” por sugerir a possibilidade de “influência de militares da reserva na aprovação de contratos”.

A reportagem alega que a Airbus fechou contratos importante durante a gestão de Baptista Junior, incluindo a conversão dos A330 em aeronaves MRTT, mas esse acordo até hoje, se existe, não foi tornado público, vale dizer.
Por outro lado, ao escolher o A330, a FAB “direcionou” sua conversão para a Airbus já que apenas a fabricante oferece esse serviço.
Porta giratória
Os dois jatos até o momento não receberam a conversão e têm sido usados em transporte de passageiros, carga e mesmo servindo como aeronave presidencial, como ocorre no final de março, durante uma viagem oficial de Lula à Ásia.
O ICL Notícias foi além e também apontou um conflito de interesses entre o filho do Brigadeiro, Bruno Baptista, que trabalha na empresa AEL Sistemas e possui contratos no valor de R$ 300 milhões com a FAB.
O artigo pede por mais transparência e regras claras para evitar a chamada “porta giratória”, quando uma pessoa que estava em um cargo público passa a representar uma empresa privada que recebeu contratos durante a gestão.

Como AIRWAY observou durante a gestão de Baptista à frente da Aeronáutica, muitas decisões foram tomadas de forma intempestiva, como a redução da encomenda de cargueiros KC-390 da Embraer ou a obstinação em expandir as encomendas do Gripen mesmo com a pasta de Defesa passando por sérias restrições financeiras.
Seu sucessor, o Tenente Brigadeiro Marcelo Kanitz, retomou a normalidade no Comando, focado em planos de longo prazo e em apoiar o programa KC-X, do qual a própria FAB é sócia e se beneficia sua jornada comercial.
O site entrou em contato com a assessoria de imprensa da Airbus, que enviou o seguinte posicionamento:
“Todos os colaboradores contratados pela Airbus seguem os mais rígidos princípios éticos e de conformidade, e cumprem rigorosamente a legislação em vigor nos países em que operamos. Destacamos que todos os contratos da Airbus com o governo brasileiro são públicos e estão em conformidade com a legislação vigente.”
Tentamos contato com o Brigadeiro Baptista Junior por seu perfil no Linkedin, porém, sem sucesso até o momento.
Na questão da conversão dos Boeing 767 pela IAI, que havia ganho a licitação KC-X da FAB, que visava a substituição dos Boeing KC-137 do Esquadrão Corsário, a alguns anos a Boeing proibiu modificações no projeto do 767, alegando essas deveriam ser feitas pela própria fabricante. De reabastecedores táticos no mercado atualmente só há os Airbus A-330MRTT e os Boeing 767 MMTT…
“Uma mão Lava a outra”. Nada como garantir futuramente uma polpuda aposentadoria.
Quando a suposta corrupção ocorre nos governos de direita, os sites militares não publicam uma vírgula. Ate a solicitação de compra de um avião presidencial de maior alcance para viagens longas como está a Ásia, devido ao curto alcance do A318, denominado aero Lula. Estes aviões não deveriam ser denominados aero bozo?
Nada a ver,que esse comandante foi um dos piores que já passou na FAB ok, brigou com a Embraer,fez reduzir o número de KC,a compra desses A330 foi com a azul kkk ,nada a ver com a Air bus,que idiotice,e quem iria transformar era uma empresa da Espanha se não me engano,se ele arrumou uma boquinha aí …. normal deve ter capacidade pra isso,mas nada a ver com essa compra ridícula desses A330