O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, é um caso raro na aviação mundial. Inserido no meio da mancha urbana, com várias restrições de operação e uma infraestrutura muito aquém da necessária, ele segue sendo o segundo terminal aéreo mais movimentado do país.
Só não faz mais porque não há como. Se houvesse meios, certamente muitos apreciaram mais voos, como passageiros, empresas aéreas, Aena e o governo federal.
Apenas os moradores do entorno torcem contra e com certa razão, afinal de contas em outras cidades do mundo como Londres, há regras mais duras para operar em aeroportos centrais.
Os recentes problemas com chuvas culminaram com longos atrasos e que afetam a vida de passageiros, tripulantes e companhias. Mas como resolver esse cenário preocupante?
Para Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil, a situação de Congonhas não surpreende. O executivo havia criticado o aumento de capacidade do aeroporto, aprovado no ano passado.
Com as cenas de caos, Cadier voltou a comentar o assunto em um post em seu perfil de rede social.
“Este é um tema muito complexo na aviação. Quantos movimentos comporta determinado aeroporto? Ele opera bem?”, disse após citar um artigo da grande imprensa sobre o aeroporto na Zona Sul de São Paulo.
“Curfew”
Segundo ele, há vários aspectos que influenciam na definição da quantidade de slots por hora que um aeroporto pode comportar – Congonhas tem hoje 44 movimentos por hora, de 55 teoricamente possíveis.
De procedimentos mais eficientes de aproximações à infraestrutura no solo, o CEO enumera diversos pontos, incluindo a direção do vento.
“Aqui vale uma curiosidade sobre Congonhas: a direção do vento importa muito porque a facilidade de acesso à pista é muito diferente dependendo da direção dos pousos/decolagens. E também perdemos tempo quando temos que ‘inverter a cabeceira’ na hora em que o vento muda (pois todo o tráfego, no solo e no ar, tem que ser reordenado)”, explica Jerome.
Por fim ele comenta sobre a limitação de operação em Congonhas, o “curfew”, que impede voos entre 23h e 06h, “fazendo com que alguns atrasos não sejam recuperados e gerem cancelamentos”, diz.
Para o executivo-chefe da companhia aérea, a situação só deve ser amenizada quando as obras necessárias de infraestrutura forem concluídas (elas acabam de ser iniciadas).
“Fui muito criticado quando me opus ao aumento de capacidade do aeroporto de Congonhas aprovado ano passado. Estamos vivendo uma das consequências desta decisão”.