Começou nesse domingo (18) em Natal (RN) o maior exercício militar do Brasil, o Cruzeiro do Sul Exercise (Cruzex 2018), promovido pela Força Aérea Brasileira (FAB). Além de reunir as forças armadas do país (a Marinha e o Exército Brasileiro também participam), a atividade, que segue até o dia 30 de novembro, também conta com a participação de militares e aeronaves de outros 13 países.
O treinamento deste ano reúne mais de 100 aeronaves, entre caças, aviões de apoio e helicópteros. Os países que participam da Cruzex 2018 com meios aéreos são o Chile, Canadá, França, Peru, Uruguai e Estados Unidos, além do Brasil. Já a Alemanha, Bolívia, Índia, Reino Unido, Suécia, Portugal e Venezuela estão presentes na atividade com militares observadores e palestrantes.
Como explica a FAB, um exercício desse porte permite aos militares do Brasil e de outros países treinarem ações de combate aéreo em operações combinadas e cooperativas, promovendo a troca de experiência entre as forças armadas participantes.
“O exercício é importante pela possibilidade de treinar os nossos meios logísticos-operacionais. Isso é essencial porque, na eventualidade de um conflito ou na eventualidade de o país ser deslocado, por exemplo, para atender a uma operação de paz, nós temos que ter essas expertises para executar”, disse o brigadeiro do ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros, comandante da Ala 10, onde o treinamento é realizado, e diretor da Cruzex 2018, à Agência Força Aérea.
Cenário de guerra “não convencional”
A grande novidade da Cruzex 2018 é o treinamento de “guerra não convencional”, onde o combate é contra forças insurgentes ou paramilitares e não entre dois Estados constituídos. Trata-se de situações encontradas atualmente em missões onde atua a Organização das Nações Unidas (ONU).
“As necessidades do Estado naturalmente evoluem com o passar do tempo. Nas missões de paz, por exemplo, já treinamos nossos meios terrestres, como ocorreu no Haiti. Nossos meios navais também foram treinados, como na missão do Líbano. Meios aéreos realizam só missões de transporte. Agora, nós entramos em uma auditoria da ONU para utilizar outras aeronaves em missões de paz, no caso, o C-105 Amazonas, H-60 Black Hawk e o A-29 Super Tucano. Essas aeronaves já estão pré-aprovadas para serem empregadas. Então, o que nós vamos treinar na Cruzex 2018 são ações ligadas a este tipo de conflito, a guerra não convencional, que são bastante específicas”, disse o brigadeiro Medeiros.
Também serão realizados na Cruzex deste ano simulações de guerra convencional, como os chamados “COMAOs”, sigla em inglês para “Operações Aéreas Compostas”. De acordo com a FAB, esse tipo de ação envolve um grupo com cerca de 40 a 50 aeronaves distintas, que decolam em sequência para realizar missões com objetivos comuns ou complementares.
“Teremos reabastecimento em voo com aeronaves de países distintos, lançamento de paraquedistas realizado por aviões de outras nações, entre outros exemplos. Esse é o cerne do intercâmbio de experiências, pois muitos dos militares que estarão operando aqui já atuaram em situações de conflito”, salientou o diretor da Cruzex 2018.
Delegações
As maiores delegações estrangeiras na Cruzex 2018 são os EUA e o Chile. O primeiro participa com caças seis caças F-16 e um reabastecedor KC-135, além de aproximadamente 130 militares, entre pilotos e equipes de manutenção. Os chilenos, por sua vez, também enviaram caças F-16 (cinco jatos) e um KC-135, apoiados por cerca de 90 militares.
Outros países que enviaram aviões de combate para o treinamento em Natal são o Peru, com quatro A-37 e quatro Mirage 2000, e o Uruguai, também com quatro A-37. Já o Canadá enviou dois cargueiros C-130 Hercules e a França um C-235.
A Força Aérea Brasileira deslocou 70 aeronaves para treinamentos, como caças F-5 e A-1, cargueiros e reabastecedores Hercules, e os aviões de vigilância E-99 e SC-105, enquanto a Marinha participa com os caças navais AF-1 (A-4 Skyhawk) e o Exército com tropas paraquedistas.
Volta da Cruzex após cinco anos
Essa é a oitava edição da Cruzex, que não era realizada desde 2013 – a primeira edição do treinamento multinacional aconteceu em 2002. Segundo o diretor da atividade, a série de grandes eventos promovidos no Brasil impediu a realização do treinamento nesse intervalo de cinco anos.
“Tivemos a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em que houve um grande envolvimento das três forças (armadas do Brasil). Nós não dispúnhamos de meios suficientes para um exercício das proporções de uma Cruzex”, afirmou o comandante da Ala 10.
Mesmo o Brasil sendo um país considerado pacífico, o brigadeiro Medeiros afirmou que o investimento na Cruzex é importante para as forças armadas brasileiras “estarem prontas” no caso de alguma eventualidade.
“As forças armadas são do povo brasileiro. E, pela características do nosso país, trata-se de muito mais de forças de defesa e não forças de ataque, que servem para garantir a defesa da pátria e dos seus poderes constituídos. Essa é a nossa missão. E é pra isso precisamos estar prontos. É para isso que estamos treinamento aqui.”
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Maravilhoso sou incondicional.