O Exército dos EUA anunciou no dia 23 que selecionou cinco empresa que irão desenvolver e testar protótipos para o programa Future Attack Reconnaissance Aircraft (FARA) que prevê a introdução de um novo helicóptero de ataque e reconhecimento até 2028. As empresas escolhidas são a Boeing, Bell, Sikorsky, mas também as poucas conhecidas AVX Aircraft (parte do grupo L3) e Karem Aircraft.
A força militar americana está sob pressão para resolver o problema desde que os antigos OH-58D Kiowa foram aposentados em 2017. Sem um helicóptero leve de escolta, o Exército dos EUA decidiu acelerar o programa com o objetivo de escolher em 2023 quais propostas são as mais promissoras.
As empresas escolhidas ainda não revelaram exatamente como pretendem participar da concorrência. A Bell, por exemplo, descartou basear seu protótipo na tecnologia tilt-rotor, hoje em testes no V-280 Valor que participa de outro programa do Exército, o FVL. Em vez disso, deve-se basear no helicóptero civil 525 Relentless.
A Sikorsky, por sua vez, deve utilizar a tecnologia X2 de rotores coaxiais e propulsão por hélices contra-rotativas. A empresa testa o conceito nos modelos S-97 Raider e SB-1 Defiant. Embora seja sócia da Sikorksy no Defiant, a Boeing não deu pistas de como será sua proposta para o novo programa.
Já entre as duas novatas, a Karem Aircraft tem sido conhecida pelos projetos de tilt-rotor e também por ter desenvolvido UAVs militares enquanto a AVX é uma das poucas participantes a ter divulgado uma prévia de seu conceito para o governo dos EUA. É um projeto semelhante à tecnologia X2 da Sikorsky, com rotores coaxiais mas com dois conjuntos de hélices de impulsão carenadas.
Stealth mas nem tanto
Não é por falta de tentar que o Exército dos EUA está hoje sem uma aeronave de escolta. A força chegou a pensar numa versão avançada do Kiowa, mas o mais perto que chegou de um substituto foi na década de 90 com o protótipo RAH-66 Comanche, da Boeing e Sikorsky. Desenvolvido como um helicóptero leve de ataque com uma inédita capacidade stealth, voou pela primeira vez em 1996 e os dois protótipos passaram por diversos testes e reconfigurações. No entanto, o Comanche se revelou não tão invisível aos radares como se pensava e acabou cancelado em 2004 após o Exército ter consumido cerca de US$ 7 bilhões (R$ 27 bilhões em valores atuais).
Enquanto não encontra um sucessor ideal, o exército americano tem utilizado seus AH-64 Apache na função de escolta, missão que pouco tem a ver com seu perfil. Com tamanha pressa, é possível que a disputa do programa FARA dê a origem a aeronaves com conceito bem diferentes entre si.
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