Uma aeronave com design único e que promete mudar a forma de voar, o TriFan 600 está perto de virar realidade. Pelo menos é o que diz a fabricante, a XTI Aircraft, de Dever, nos Estados Unidos. A empresa afirmou em reportagem publicada pelo Aviation Week que está com o orçamento e o cronograma do programa em dia e a caminho de realizar o primeiro voo do protótipo este ano.
O TriFan 600 é um aeronave projetada para decolar e pousar como um helicóptero, na vertical. Em voo de cruzeiro a posição dos motores é alterada para o voo sustentado na horizontal, como um avião. Não só isso, o projeto da XTI é proposto com motorização híbrida: serão dois motores elétricos e uma turbina.
Ao combinar essas duas formas de voar, o TriFan 600 poderá operar a partir de espaço reduzidos, como um heliponto, e se deslocar em maiores velocidades. A XTI divulga que a aeronave é projetada para passar dos 500 km/h e percorrer cerca de 2.200 km, desempenho muito superior ao de qualquer helicóptero ou mesmo alguns aviões de pequeno porte.
A fabricante ainda acrescentou que o primeiro voo do TriFan deve ser realizado em até três meses. A campanha de testes será iniciada com um protótipo em escala reduzida, com cerca de 60% do tamanho esperado para modelo final. A aeronave terá espaço para um piloto e cinco passageiros. O plano é lançar o modelo em meados de 2023.
A XTI já recebeu 60 pedidos pela aeronave, cada uma avaliada em cerca de US$ 6,5 milhões (R$ 22,5 milhões), preço equivalente ao de helicópteros de pequeno porte. “Toda nossa equipe está focada em voar com o protótipo, trazendo este avião revolucionário para o mercado e cumprindo essas encomendas”, disse o CEO da fabricante, Robert Labelle.
Projeto complexo
Apesar dos prazos otimistas e uma boa clientela, o projeto da XTI ainda tem um longo (e caro) caminho a percorrer para virar realidade, se isso um dia acontecer. Como toda aeronave comercial, o TriFan 600 precisa passar por um rigoroso programa de testes para provar que sua utilização é segura, sobretudo pelo emprego parcial de motorização elétrica.
Além da motorização diferenciada, a XTI diz que a aeronave será construída com materiais compostos, como fibra de carbono e resina de epoxi, e contará com comandos de voo computadorizados (fly-by-wire)
O uso de motores elétricos é uma das tendências para a aviação nos próximos anos. A tecnologia é estudada de diferentes formas por grandes nomes da indústria, como a Airbus e Embraer, e uma série de novas empresas. Já o conceito que altera a forma do voo da aeronave é um dos mais complexos da indústria aeronáutica, mas já existe há muito tempo.
Esse tipo de aeronave é descrita na aviação pela sigla em inglês VTOL, de “Pouso e Decolagem Verticais”, e por hora é utilizado apenas em veículos militares. Um exemplo clássico é o transportador Bell-Boeing V-22 Osprey, usado pela marinha dos EUA. Outro modelo militar semelhante em fase de testes é o V-280 Valor, da Bell Aircraft.
A ideia dos rotores basculantes também é testada pela Leonardo, da Itália, com o “tiltrotor” AW609. A aeronave repete o mesmo conceito básico do V-22, mas com a diferença de ser orientada para o mercado comercial. Como o projeto da XTI Aircraft, o AW609 também promete as utilidades dos VTOL, mas com motorização convencional.
O programa de testes do AW609 vem sendo um dos mais complexos da história da aviação e já dura quase 20 anos. O projeto foi iniciado em 2003 pela então Bell Helicopters (o nome da empresa mudou recentemente para Bell Aircraft Corporation) e a AugustaWestland (atual Leonardo) e repassado integralmente ao grupo europeu em 2011. A aeronave segue em desenvolvimento e ainda não tem um prazo definido para seu lançamento comercial.
Será que veremos o ousado TriFan 600 chegar ao mercado tão cedo assim?
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