A FAA, agência de aviação civil dos EUA, encerrou nesta quarta-feira, 1º de julho, os voos de certificação com o 737 MAX. Agora, os dados coletados nessa série de testes serão analisados por peritos a fim de comprovar as soluções adotadas pela Boeing para corrigir os erros de projetos que levaram à queda de duas aeronaves em 2018 e no ano passado. Não há prazo para que esse processo seja concluído.
Ao todo foram realizadas cinco decolagens com o modelo 737 MAX 7 prefixo N7201S, que é usado pela Boeing como demonstrador. Na segunda-feira e na terça-feira, a aeronave decolou do Boeing Field pela manhã e pousou no aeroporto de Moses Lake, cerca de 230 km de distância, retornando para Seattle horas depois. Na quarta-feira, a FAA acabou realizando um último voo de apenas 21 minutos que retornou para o mesmo ponto de partida.
O 737 MAX permaneceu por 8 horas e 36 minutos no ar, realizando uma ampla variedade de manobras de voo e procedimentos de emergência para avaliar se as alterações atendem aos padrões de certificação da FAA. O voo mais longo ocorreu na terça-feira quando o jato da Boeing completou 3 horas e 56 minutos no ar. A agência compartilhou no Youtube um vídeo mostrando os bastidores de um dos voos de testes.
Próximos passos
A FAA listou quais serão as próximas tarefas antes de liberar o 737 MAX para voltar ao serviço. Entre elas estão uma avaliação dos requisitos mínimos de treinamento dos pilotos, que será realizado em conjunto com as agências de aviação civil do Canadá, Europa e a ANAC, do Brasil.
As agências analisarão a documentação final do projeto da Boeing e emitrão um relatório público. Em seguida, a FAA emitirá uma notificação de aeronavegabilidade e uma diretiva que abordará os problemas que motivaram o aterramento. Nesses documentos constarão as ações necessárias para retomar o serviço comercial.
Após esses procedimentos, a agência americana cancelará a ordem de aterramento, o que permitirá a retomada das entregas. No entanto, a FAA ressalta que fará análises individuais para cada aeronave nova produzida pela Boeing antes de emitir os certificados de aeronavegabilidade e de exportação. Por fim, a FAA analisará e aprovará os programas de retreinamento dos tripulantes de 121 operadores do 737 MAX, entre eles a brasileira Gol.
Boeing escondeu informações da FAA
O extremo cuidado em liberar o jato para operação normal ganhou mais um motivo, a constatação de que a Boeing escondeu informações da FAA quando ocorreu o processo de certificação original do 737 MAX.
Segundo um relatório do governo dos EUA, a fabricante deixou de enviar documentos à FAA que detalhavam as modificações no sistema MCAS. A mudança foi considerada pouco relevante por ter sido feita num sistema de compensação já em uso na série NG e que envolveu apenas ajustes limitados. A Boeing preferiu não comentar tanto a respeito da realização dos voos de certificação quanto sobre o relatório, segundo a agência Reuters.
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Que a Boeing se exploda !