Confirmando a intenção de ampliar o investimento em aeronaves de combate, o atual Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, anunciou nesta sexta-feira (22) que o contrato de aquisição de caças F-39E/F Gripen com a Saab será expandido de 36 para 40 jatos supersônicos.
A revelação ocorreu durante as festividades do Dia de Aviação de Caça, em evento realizado na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e que contou com a presença do Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Baptista Junior também afirmou que a Aeronáutica já iniciou os trâmites para encomendar um segundo lote de caças Gripen. “Em paralelo [aos quatro novos caças] iniciamos estudos preliminares para aquisição de um segundo lote dessas aeronaves a fim de garantir que a desativação das aeronaves de caça mais antigas não acarrete perda da capacidade de cumprirmos nossa missão de defesa da pátria”, disse em discurso.
A cerimônia também foi palco para o batismo operacional dos jatos FAB 4101 e FAB 4102, os primeiros F-39E de produção em série e que chegaram ao Brasil no início do mês. A Força Aérea confirmou ainda a intenção de estabelecer uma segunda base aérea graças aos quatro aviões extras – originalmente, os Gripen ficariam baseados apenas em Anápolis (GO).
Estratégia personalista
Filho do ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista, que chefiou a força entre 1999 e 2003 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Baptista Junior assumiu a posição há um ano após a crise que culminou com a saída dos três comandantes das forças militares brasileiras.
Em pouco tempo no cargo, o atual comandante tem imprimido uma estratégia personalista à frente da Força Aérea Brasileira, que prioriza as aeronaves de combate em detrimento de aviões de integração regional. Alegando restrições orçamentárias, Baptista Junior reduziu a encomenda de jatos KC-390 após ameaçar alterar o contrato com a Embraer de forma unilateral.
O discurso de contenção financeira, no entanto, não tem se repetido no que se refere aos caças Gripen, dos quais pretende contar com uma frota bastante numerosa, a despeito do custo elevado de cada aeronave.
Em outra frente, sua gestão na Aeronáutica decidiu selecionar o jato de reabastecimento aéreo A330 MRTT, da Airbus, de forma tortuosa. Em vez uma concorrência aberta, voltada a selecionar a melhor proposta de aeronave, a Força Aérea foi ao mercado em busca de duas aeronaves A330-200 fabricadas a partir de 2014 oferecendo um valor máximo de US$ 80 milhões por ambas.
A única participante da concorrência KC-X3 foi a Azul S.A, empresa que controla a Azul Linhas Aéreas. No entanto, a companhia não possuía os jatos da Airbus, apenas a opção de compra de um avião alugado, de prefixo PR-AIS, e que estava afastado de serviço. A outra aeronave que será entregue à FAB é um Airbus que pertenceu à Avianca da Colômbia e está armazenado na França.
Por conta da opção única pelo MRTT, a Aeronáutica terá agora de pagar o preço pedido pela Airbus pela conversão dos dois A330-200 já que o processo é exclusivo da fabricante europeia. Além da Airbus, também a Boeing e a israelense IAI oferecem aeronaves com capacidade para realizar reabastecimento aéreo.