Vai começar as aulas da nova turma do Ipev no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial que forma pilotos e engenheiros de prova. Mas desta vez, o avião de “estudos” não é mais o jato AT-26 Xavante, como vinha sendo desde 1971. Realizado a cada dois anos, o curso que forma a elite da Força Aérea Brasileira desta vez será ministrado com o EMB-314 Super Tucano.
Aposentado da função de treinamento desde 2013, o veterano Xavante voa apenas para esporádicas provas de voo, como testes de munição e sistemas de bordo. Desta forma, os futuros pilotos de F-5 e Gripen NG, que começa a ser entregue a FAB a partir de 2018, farão seu treinamento intensivo de um ano voando em aviões turbo-hélice.
Além do Super Tucano, Ao longo do curso os pilotos realizam uma série de provas de voo em 15 tipos diferentes de aviões (incluindo helicópteros Blackhawk). Já os engenheiros estudam a fundo os sistemas destas aeronaves. Além de militares da FAB, pilotos e engenheiros da Marinha e Exército também podem se candidatar.
Rumo aos museus
O maioria dos aviões Xavante que operam pela FAB foram construídos pela Embraer, que teve no projeto compartilhado pela italiana Aermacchi sua grande chance de projeção e avanço tecnológico. A versão original do aparelho é o MB-326, que voou pela primeira vez na Itália em 1957 e serviu pela força aérea italiana entre 1962 e 1981.
Na FAB, o Xavante iniciou suas operações em 1971 como avião de ataque e treinamento avançado, no caso para formação de pilotos e engenheiros do recém-chegado Dessaut Mirage III. O avião nunca entrou em combate pela FAB, mas a versão fabricada na África da Sul pela Atlas entrou em ação na Guerra da Namíbia. O avião atacou posições de solo e abateu helicópteros da aliança militar formada por Angola e Cuba.
O modelo que operou na FAB podia carregar bombas de queda livre, metralhadoras .50 e casulos de foguetes. O Xavante, os que ainda voam, pode atingir 870 km/h e atingir uma altitude máxima de 14.325 metros. Seu alcance armado fica em torno de 650 km e sobe para até 1.850 km com taques de combustível externos.
A Embraer fabricou 166 unidades do AT-26 Xavante para FAB, além de seis unidades para Togo e outras 10 para o Paraguai. Em 2005 a Força Aérea optou por estender a vida útil do avião e para isso adquiriu 14 Impala da África do Sul, que seriam usados para reposição de peças. Os aviões africanos, porém, estavam em ótimo estado e 11 deles foram ativados e voltaram a voar, recebendo a designação AT-26A.
Com essa desativação progressiva, muitos Xavante foram cedidos a museus e outros foram expostos “pendurados” para posteridade em locais públicos abertos, como as unidades no aeroporto de Campo de Marte, em São Paulo (SP), e na entrada das instalações da Embraer em Gavião Peixoto. Boa sorte a nova turma!
Tinha lá suas vantagens, os pilotos já de cara aprendiam a pilotar e voar em sucatas…..