Em 2016, a Força Aérea Brasileiro transportou um total de 190 órgãos em 130 missões, envolvendo cerca de 550 horas de voo. “Não havia uma orientação sobre como proceder e os pedidos de transporte de órgãos contavam com o engajamento voluntário dos comandantes, além da disponibilidade de meios”, explica o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato.
Em junho do ano passado, o presidente Michel Temer, ainda em posição interina, assinou o decreto 8.783, determinando que uma aeronave esteja sempre sempre à disposição na capital federal para essas missões de transporte de órgãos. Além disso, a FAB utiliza outros aviões posicionados por todo o país, dependendo do trajeto a ser atendido.
A medida foi anunciada após matéria publicada pelo jornal O Globo, afirmando que entre 2013 e 2015 a FAB deixou de fornecer aviões para o transporte de um total de 153 órgãos, que se perderam por conta das negativas de transporte. Segundo a publicação, nos mesmos dias em que ocorreram recusas de transporte de órgãos, a Aeronáutica atendeu a requisições de voos para ministros e membros da Câmara e do Senado.
Nos últimos dias do ano passado, dois casos de transporte chamaram atenção. Na noite de Natal, um fígado e um rim foram transportados de Goiânia (GO) para transplante em Guarulhos (SP). “Vamos dar um presente de Natal para quem precisa”, ressaltou o Chefe da Seção de Operações do Quarto Esquadrão de Transporte Aéreo (4º ETA), Major Wanderson Marcos de Freitas, na ocasião. Já no dia 27 de dezembro, foi a vez de um menino de 7 anos receber um novo coração. O órgão foi transportado de Natal (RN) para Brasília (DF).
Trabalhos continuam
A FAB já realizou três transportes de órgãos para transplantes em 2017. No dia 1º de janeiro, um coração foi transportado de Blumenau (SC) para um paciente em Curitiba (PR); no dia 2, uma aeronave da FAB transportou um fígado de Porto Seguro (BA) para o Rio de Janeiro (RJ); e outro fígado foi levado de Maceió (AL) para Fortaleza (CE) no dia 4.
Acionamento
O processo de transporte de órgãos é iniciado quando a Central Nacional de Transplantes (CNT) é informada por uma central estadual sobre a existência de órgão e tecido em condições clínicas para o transplante. A CNT aciona as companhias aéreas para verificar a disponibilidade logística. Se houver voo compatível, os aviões comerciais recebem o órgão e levam ao destino. Quando não há, a Central contata a FAB, que desloca um ou mais aviões para a captação e transporte do órgão.
Os pedidos chegam à Aeronáutica por meio de uma estrutura montada em Brasília, onde avalia-se qual esquadrão deve ser acionado. A partir de então, é ativada uma cadeia de eventos até a decolagem da aeronave. É preciso checar as condições de pouso no aeroporto de destino, acionar a tripulação e avisar ao controle de tráfego aéreo que se trata de um transporte de órgãos – tanto no plano de voo, quanto na fonia – pois isso confere prioridade ao avião para procedimentos de pouso e decolagem.
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