Os Learjet R-35A usados pela Força Aérea Brasileira (FAB) em missões de reconhecimento de terreno e alvos serão desativados em breve. As aeronaves são empregadas pelo 1º esquadrão do 6º Grupo de Aviação (1º/6º GAV), o Esquadrão Carcará, baseado na Ala 2 (base aérea da FAB em Anápolis – GO).
“No dia 14 de outubro (de 2020), foi aprovado o Plano Específico do Comando de Preparo (COMPREP) para desativação das aeronaves R-35A. A Unidade Aérea (o o Esquadrão Carcará) permanecerá operando os R-35AM”, informou a FAB em nota enviada ao Airway.
A FAB não informou a data de despedida do R-35A. Dos três jatos R-35A da frota, ao menos um deles ainda continua ativo, o modelo com matrícula FAB-6002, segundo dados do FlightRadar24. Os outros dois aparelhos (FAB-6000 e FAB-6001) não têm registros recentes de voo.
“As aeronaves destinadas ao cumprimento das missões de aerolevantamento receberam a designação de R-35A e foram incorporadas ao 1º esquadrão do 6º Grupo de Aviação (1º/6º GAV), começando a operar a partir de julho de 1987”, acrescentou a FAB no comunicado.
Os Learjet operados pela FAB foram adquiridos ainda nos tempos da Gates Learjet Corporation. Em 1990, a tradicional fabricante do Kansas foi absorvida pelo grupo Bombardier, que mantém a produção da série até hoje.
Os R-35A da FAB são baseados no modelo Learjet 35, produzido entre 1973 e 1994. A versão original de transporte executivo pode receber até oito passageiros e a autonomia de voo passa dos 5.000 km. Atualmente, o único modelo da família Learjet produzido pela Bombardier é o Learjet 75 Liberty.
“Avião-espião”
No campo de batalha, o R-35A executa a tarefa de aerolevantamento, que consiste em encontrar alvos ou mapear uma região utilizando um conjunto de câmeras fotográficas e sensores infravermelho.
Operando a uma altitude máxima de 45.000 pés (13.716 metros), o Learjet militar atua como um “espião”, marcando de longe a posição de objetivos que podem ser atacados por outros aviões ou detalhes de uma região para orientar tropas e veículos blindados em solo.
Os R-35A da FAB são operados normalmente por sete tripulantes, sendo dois pilotos e cinco operadores de sistemas. Segundo dados da Bombardier, a aeronave voa na velocidade de cruzeiro de 818 km/h (e máxima de 858 km/h) e tem alcance de 4.000 km.
No final de 2009, três jatos de transporte oficial VU-35A foram desativados pelo GTE e transferidos aos Esquadrão Carcará, que converteu as aeronaves para a versão R-35AM.
Diferentemente do R-35A, o modelo R-35AM não possui câmeras fotográficas (tampouco os grandes volumes na fuselagem). Essa versão é destinada para operações de reconhecimento no espectro eletromagnético. O radar montado no cone de cauda do jato pode captar sinais de radares e sistemas de defesa aérea inimigos, revelando a posição dos pontos de transmissão.
No cenário de guerra moderna, aviões como o R-35AM auxiliam na coordenação de missões de reconhecimento e ataques de longo alcance, antecipando os movimentos do inimigo.
Learjet de guerra
Diversas forças aéreas pelo mundo operam versões militares dos Learjet. Países como a Argentina e a Finlândia operam modelos configurados para missões de guerra eletrônica e vigilância. Nos EUA, o aparelho atua no transporte de pessoal nas frotas da força aérea e marinha.
Um dos Learjet militar mais interessantes é a versão U-36U operado pela marinha do Japão. A aeronave é multifunção: serve como transporte utilitário, rebocador de alvos, missões de guerra eletrônica. O modelo japonês também pode ser equipado com um sistema “caça-mísseis”, usados em treinamento de pilotos de caças e operadores de sistemas de defesa aérea.