Pesquisadores da fabricante russa Tupolev iniciaram os estudos preliminares sobre o desenvolvimento de um jato executivo supersônica, quase quatro décadas após o término do programa Tu-144, o único avião que ousou competir com o Concorde – e falhou de forma magistral.
O trabalho está sendo executado em parceria com o Instituto Zhukovsky, a principal organização de projetos aeronáuticos da Rússia e que inclui vários outros centros pesquisas nessa área.
Para o diretor do instituto russo, Andrei Dutov, a criação de uma aeronave comercial supersônica é um “grande desafio” para a indústria. “É necessário encontrar soluções eficazes para os problemas de altos níveis de ruído e estrondo sônico, aumentar a eficiência de combustível das usinas de energia e reduzir as emissões nocivas”, disse ele, em entrevista ao Flight Global.
“É muito cedo para falar sobre o custo da nova aeronave. Mas, é claro, será mais caro do que seus equivalentes subsônicos”, acrescentou Dutov.
Segundo o relatório anual da Tupolev, divulgado nesta semana, o projeto conceitual e detalhado da aeronave, chamada internamente de SBJ (Supersonic Business Jet), deve ganhar forma até 2026.
“O SBJ foi desenvolvido com a finalidade de entrega rápida de passageiros em uma velocidade supersônica de Mach 2 (2.469 km/h) até a distância de 8.000 km, predominantemente para executivos, altos funcionários do governo e todos que veem o tempo como prioridade absoluta”, diz o relatório da Tupolev.
O documento da fabricante afiliada ao grupo estatal United Aircraft Corporation (UAC) também antecipa que “o layout sugerido para o SBJ deve ter um nível mais baixo do boom sônico com as seguintes características preliminares: o avião pode voar a uma velocidade aproximada de 2.000 km/h a 11.000 metros de altitude; o peso de decolagem do avião será em torno de 70 toneladas, com cerca de 30 assentos”.
Além de possuir experiência na construção de aviões comerciais supersônicos, a Tupolev é uma das poucas fabricantes russas que já se aventurou na construção de jatos executivos. Nos tempos da antiga União Soviética, a empresa converteu modelos Tu-134 para uso VIP.
Embora ainda esteja longe de deixar a pranchetas, a proposta dos russos já tem um concorrente. A startup Aerion, dos EUA, está desenvolvendo sua própria aeronave executiva de performance supersônica, o AS2 para até 11 passageiros, que deve voar em meados de 2024.
Veja mais: França proibirá permanentemente voos doméstico de curta distância