Força Aérea dos EUA coloca futuro de “supercaça” em dúvida

Chefe do Estado-Maior da Força Aérea afirmou que restrições orçamentárias podem fazer projeto ser postergado
Conceito de supercaça dos EUA
Conceito de supercaça dos EUA (Lockheed Martin)

Em uma declaração surpreendente, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos EUA (USAF), General David Allvin, afirmou que o “supercaça” previsto no programa Air Dominance Próxima Geração (NGAD) já não é algo certo para o orçamento de 2026, que está sendo discutido agora.

Allvin respondia a uma pergunta da revista Air & Space Forces durante um evento da Associação da Força Aérea. Segundo ele, “teremos que fazer essas escolhas, tomar essas decisões em todo o cenário”.

A USAF está elaborando o orçamento fiscal para o ano de 2026 com restrições orçamentárias e por isso escolhendo programas mais urgentes como o bombardeiro invisível aos radares B-21.

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O XQ-67 CAA, da General Atomics
O XQ-67 CAA, drone autônomo da General Atomics

O NGAD é um ambicioso programa que visa dar origem ao primeiro caça de 6ª geração operacional do mundo, por volta de 2030. Mas o projeto é mais abrangente e inclui também sistemas de apoio como Aeronaves de Combate Colaborativas (sigla CCA em inglês), drone de alta tecnologia comandados por aviões tripulados.

Até 2023, a Força Aérea previa assinar o contrato do NGAD ainda neste ano, numa disputa entre Boeing e Lockheed Martin – a Northrop Grumman, outra gigante aeroespacial dos EUA, anunciou que não participaria da concorrência.

Uma protótipo misterioso construído com uso de ferramentas digitais chegou a voar há alguns anos, mas a Força Aérea até hoje não deu mais detalhes sobre o modelo, como suas características e fabricante.

O secretário da Força Aérea, Frank Kendall, afirmou no ano passado que ao menos 200 caças NGAD e 1.000 CCAs seriam encomendados nos próximos anos.

General David Allvin (USAF)
General David Allvin: caça de 6ª geração pode ficar para depois ou nunca (USAF)

Lições da guerra entre Ucrânia e Rússia

O General David Allvin também discorreu sobre uma mudança de mentalidade em relação aos drones autônomos, que não deverão ser projetados para longos períodos em serviço como as aeronaves tripuladas.

A visão é que em vez de ficar 25 a 30 anos em uso, os CCAs sejam desativados após dez anos. O motivo é que serão aeronaves mais simples, baratas e modulares, capazes de se adaptar a novos sistemas.

Ainda assim, acredita-se que eles poderão ficar obsoletos logo, o que não justifica investir elevadas somas por unidade produzida.

“’Construído para durar’ é um tremendo adesivo de pára-choque do século 20, e a suposição era que tudo o que você tinha era relevante enquanto durasse”, disse Allvin. “Não tenho mais certeza se isso é verdade.”

O B-21 em voo: trem de pouso aparece recolhido pela primeira vez
O B-21 em voo: programa prioritário

Os reflexos ocorrem após o conflito entre Ucrânia e Rússia demonstrar que os drones tornaram muitas aeronaves tripuladas pouco relevantes no campo de batalha além de vulneráveis no solo.

Em pouco mais de dois anos, a tecnologia e táticas de uso associadas a aeronaves não tripuladas evoluíram de forma impressionante.

São lições que têm mudado a maneira como forças armadas planejam sua estratégia e com a Força Aérea dos EUA não parece ser diferente.

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