A evolução dos mísseis de longo alcance da China pode impulsionar uma mudança completa na doutrina da Força Aérea dos EUA (USAF) em relação ao desenvolvimento de novos meios de reabastecimento aéreo. Em vez de aeronaves convencionais, como o novo Boeing KC-46A Pegasus, a corporação pode adotar aviões-tanque com design furtivo, de acordo com Frank Kendall, o secretário de aquisições da USAF.
“A ameaça está tirando essa liberdade de nós”, disse Kendall durante um webinar com o Conselho de Relações Exteriores dos EUA, em 11 de dezembro. “Adversários como a China são capazes de rastrear e atirar contra aeronaves dos EUA de alcances cada vez mais longos, então aeronaves de mobilidade devem ser projetadas com capacidade de sobrevivência em mente.”
Para o secretário da USAF, a “rota tradicional” de transformar modelos comerciais em aviões-tanque, como aconteceu com o DC-10 e o 767, ou mesmo projetar uma aeronave personalizada baseada num cargueiro militar, não atenderá às necessidades da força no futuro.
Kendall afirmou que a solução para criar aviões-tanque, bem como meios aéreos de transporte e de guerra eletrônica, com maior capacidade de sobrevivência pode recair sobre aeronaves de corpo de asa combinada (Blended Wing Body – BWB), tal como o novo bombardeiro furtivo B-21 Raider.
A USAF, inclusive, informou em outubro do ano passado que pretende testar o conceito BWB para desenvolver aeronaves mais eficientes e ecológicas, incluindo aviões-tanque. Testes com protótipos com essa característica estão programados para meados de 2027.
A despeito do avanço constante dos mísseis chineses de longo alcance, Kendall disse que a USAF seguirá modernizando a frota de aviões-tanque com o KC-46 e que o programa não será cancelado. Todavia, o secretário concluiu que a força aérea dos EUA “terá de ir além disso para a próxima geração” de aeronaves de reabastecimento aéreo, incluindo recursos que garantam a sobrevivências desses aparelhos num cenário de guerra moderna.